Brasil pode aumentar área da agropecuária em 40 milhões de hectares em dez anos

Ministro da Agricultura disse que Embrapa e BB estudaram conversão de áreas de pastagens

Foto: Reprodução / CP

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que o Brasil poderá incrementar sua área agricultável com 40 milhões de hectares nos próximos 10 anos, ocupando áreas de pastagens degradadas. Em discurso na abertura do 22° Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo, Fávaro disse que o potencial de expansão do agro foi mensurado em estudo feito pela Embrapa e Banco do Brasil e pedido do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O ministro afirmou que a área agrícola cresce 2 milhões de hectares por ano, sem avançar sobre a Amazônia, ocupando áreas de pastagem de baixa qualidade. “O mundo está de olho nisso”, garantiu.

O ministro, que retornou recentemente de um roteiro na Ásia e no Oriente Médio, declarou também que o agro vai colaborar com o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ser lançado esta semana pelo governo federal. “Não tem como falar de PAC, neste país, se não for através de agropecuária pujante, crescente, forte”, afirmou. Questões sanitárias e regionalização de protocolos restritivos contra a gripe aviária também estiveram na pauta da viagem do Fávaro ao Japão. “O Brasil hoje é responsável por 35% da carne de frango consumida no mundo e, segundo o USDA (o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), devemos chegar a 43%, 44% no mundo”, destacou. O ministro lembrou que o Brasil é um dos quatro países do planeta que não têm registro de gripe aviária em escala comercial, por contar com sistema de defesa sanitária eficiente e moderno. “Não é fruto de sorte ou coincidência, são 18 anos que o vírus circula pelo mundo e não entrou em granjas comerciais do Brasil.”

No Japão, Fávaro citou que recebeu uma sugestão de uma brasileira para que o Mapa enviasse técnicos ao país para ver como os japoneses executaram barreiras sanitárias contra a gripe aviária. “Quem deveria vir aprender com os brasileiros são os japoneses, porque no Japão tem gripe aviária, e aqui no Brasil não”, destacou. O caso serviu para Fávaro condenar, pela terceira vez em seu discurso, o complexo de vira-latas – teoria criada pelo jornalista Nelson Rodrigues em 1958, segundo a qual o brasileiro se desmerece aos olhos do mundo. Embora não endereçada, a citação encontrou na plateia do evento o ex-senador e ex-governador do Acre Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil, que este ano teve de se desculpar por ter atrelado o agronegócio nacional ao avanço do desmatamento no Brasil, durante a fala em roteiro pela China.