Uma boa notícia para o comércio brasileiro, incluindo o gaúcho. O Indicador de Inadimplência CDL Porto Alegre, com dados de pessoas físicas e jurídicas com limitação em crédito, cheque, protesto ou ações judiciais, especificamente para PJ’s no último caso, mostra um recuo entre no entre os meses de junho e julho, no Brasil e no Rio Grande do Sul. Em nível nacional, que fechou o período com 30,6% de inadimplência, a queda foi de 0,15 ponto percentual, equivalente a 260 mil cidadãos, muito próximo do desempenho no Rio Grande do Sul em termos percentuais (30,8%), o recuo foi de 0,09 ponto percentual, equivalente a 7.650 pessoas.
No ranking nacional, o mercado gaúcho ficou em 20º lugar entre as 26 unidades federativas e o Distrito Federal. Mesmo que destoando deste comportamento, houve pequeno crescimento de 0,02 ponto percentual na inadimplência em Porto Alegre (34%).
Para o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, o programa Desenrola, do Governo Federal, deverá continuar estimulando a recuperação do crédito no curto prazo, sobretudo quando o processo relativo à “Faixa 1” começar em setembro. No entanto, Frank destaca que o programa não ataca as causas estruturais da inadimplência, como os desequilíbrios macro e microeconômicos responsáveis pelos juros altos e pela falta de educação financeira da população.
“Manifestamos preocupação a respeito da dinâmica a médio e longo prazos. Os consumidores podem acreditar que ações semelhantes serão recorrentes, o que incentivaria a tomada de riscos desnecessários até que se vislumbre uma nova rodada de condições vantajosas”.
PESSOAS JURÍDICAS
Em relação às empresas inadimplentes, cheque, protesto ou ação judicial somaram 13,92% no Rio Grande do Sul e 15,19% em Porto Alegre no mês de julho de 2023. Nos dois casos, houve aumento, ainda que pequeno, em relação ao período imediatamente anterior: +0,02 e +0,10 pontos percentuais, respectivamente, quebrando novamente os recordes da série histórica, iniciada em junho de 2022. De acordo com as estatísticas do Mapa das Empresas, o total estimado de CNPJ’s com negativação em termos absolutos alcança 196.211 em nível estadual e 34.718 para a Capital.
O cenário permanece desafiador para as empresas no curto prazo, aponta o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank. “Setores como a indústria, o comércio e os serviços seguem desacelerando, e o efeito dos juros elevados continua pesando desfavoravelmente sobre as finanças corporativas. Cabe ressaltar que o impacto pleno de reduções da Taxa Selic sobre as decisões dos empreendedores – compras, expansão do parque produtivo e contratações, por exemplo – deve ocorrer somente em meados de 2024 em função da defasagem da política monetária”.
O Indicador de Inadimplência CDL POA é elaborado pelo Núcleo Econômico e mede mensalmente a inadimplência dos consumidores e das empresas do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre e utiliza dados da Boa Vista SCPC, o maior disponível no Rio Grande do Sul. O levantamento para pessoas físicas teve início em fevereiro de 2022, e o indicador para pessoas jurídicas, em junho do mesmo ano. A investigação mostra a parcela de pessoas físicas ou de empresas com algum tipo de restrição ao crédito, cheque, protesto ou ações judiciais.