Eram em menor número aqueles economistas e analistas do mercado financeiro que acreditam na queda mais expressiva da taxa Selic, de 0,50 ponto percentual conforme anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, no começo da noite desta quarta-feira, 2, baixando os juros para 13,25%, o primeiro recuo depois de três anos de alta do indicador. O que talvez poucos esperasse eram os votos em favor da decisão, que foi dividida.
Foram 5 votos para corte de 0,5 ponto percentual, entre eles os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, e 4 para corte de 0,25. E, engrossando as fileiras do corte mais expressivo, nada mais nada menos que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Justamente ele que era o guardião dos argumentos da “parcimônia” nas decisões.
Nesta reunião, votaram por redução de 0,50 ponto percentual na Selic, além de Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso. Outros quatro queriam queda de 0,25 ponto percentual: Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes.
Entretanto, o comunicado trouxe a notícia mais esperada: o colegiado estimou, de forma unânime, “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avalia que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. A decisão, como poderia se imaginar, agradou o governo Federal.
“Isso dá um alento, pois estávamos vendo uma queda de arrecadação importante”, afirmou Fernando Haddad depois do anúncio do Copom, acrescentando que a redução é um recado para os poderes constituídos que se referindo ao andamento da agenda econômica.
Porém, a disputa parece não estar concentrada no percentual exatamente, mas qual a sinalização que a redução passar para o mercado, que poderia empurrar as apostar para cortes mais expressivos nas próximas reuniões. E para isso, o Copom parece ter afastado a possibilidade. Agora é esperar a reação continuada da economia a partir desta quinta-feira e aguardar os desdobramentos em indicadores como a cotação do dólar, o desempenho da bolsa e como virá o próximo Relatório Focus, a ser divulgado na segunda-feira, 7. Isso porque já há quem aposte em uma taxa inferior a 12% ao final do ano.