O modelo definido para a demolição do edifício Galeria XV de Novembro, conhecido como Esqueletão, no Centro de Porto Alegre, vai ser o misto, que compreende demolição convencional e implosão parcial. Por meio dessa estratégia, os nove pavimentos superiores vão ser demolidos de forma convencional e os dez pavimentos inferiores implodidos, confirmou a prefeitura, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira.
Tanto o custo quanto a agilidade foram critérios decisivos para a escolha do modelo, que vai exigir um investimento de R$ 3,9 milhões. O processo deve levar quatro meses para ser concluído.
A implosão total da estrutura já havia sido praticamente descartada, uma vez que o Esqueletão se encontra encravado em meio a outros prédios da região. Os prazos passarão a contar a partir da contratação da empresa encarregada pelo trabalho. Para isso, o prefeito Sebastião Melo pretende fazer uma contratação emergencial, sem licitação, até o fim de agosto.
“Não tenho dúvida de que nós vamos fazer uma derrubada segura do Esqueletão para melhorar o Centro, o urbanismo da capital. Há mais de 60 anos esse prédio está aí. E agora a determinação está dada. Nós vamos fazer um contrato emergencial. Entre o nosso desejo e a realidade na vida pública há uma diferença grande. Nosso desejo é que seja o mais rápido possível. Agora vamos tocar, porque esse é um governo tocador, que faz as coisas acontecerem. Mas existem regras legais, que precisam ser observadas. E é isso que vai acontecer, mas nós vamos fazer todo esforço para que isso aconteça dentro deste ano”, reforça o prefeito.
O valor da demolição, incluindo o laudo, que custou R$ 294 mil, e a dívida em IPTU, que soma R$ 3,5 milhões, devem ser cobrados futuramente dos proprietários, já que se trata de um terreno privado. Ainda não há projeto para ocupar o espaço após a demolição total, que deve ocorrer entre o fim deste ano e o início do ano que vem.
De acordo com o engenheiro da Prefeitura Marcus Vinicius Caberlon, os prédios do entorno vão ser isolados para a demolição e evacuados na implosão, para garantir a segurança da população que mora e trabalha no entorno. Para o especialista, a dificuldade vai ser gerenciar os resíduos de entulho.
“A dificuldade será a retirada do entulho. Em vez de chegar um caminhão trazendo concreto, vai ser um caminhão saindo com entulho. E isso está programado para acontecer das 20h às 7h da manhã. Para facilitar o trânsito, porque não tem como um caminhão subir em direção à Marechal Floriano e Salgado Filho, nós vamos ter que inverter a mão da Marechal, permitindo nesse período da noite que o trânsito seja exclusivo a máquinas, equipamentos e entrada e saída de pessoas que moram na região”, detalhou.
A transformação do Centro Histórico, incluindo a demolição do Esqueletão, se confirma como uma das prioridades da prefeitura. Para a região, há outras ações em andamento, como a restauração do viaduto Otávio Rocha, a pintura do Muro da Mauá, a restauração do Cine Imperial, e a desapropriação da Confeitaria Rocco.
Para o secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer, a demolição do Esqueletão vai ser representar um avanço significativo na revitalização do Centro Histórico.
Já a procuradora do Município, Eleonora Serralta, lamentou que a situação tenha se arrastado por tanto tempo sem uma solução. “Estamos cumprindo mais uma etapa que já dura 20 anos. Somos réus no processo, mas nos consideramos autores também. Há outros casos complicados na cidade que passaram pela PGM”, destacou a procuradora. Eleonora apresentou o histórico do processo com uma linha do tempo. A construção, de mais de 70 anos, nunca chegou a ser concluída.