O preço médio do litro do diesel S10 acumula queda de 22% nos primeiros sete meses de 2023, enquanto o da gasolina registra aumento de 13%.
Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), de janeiro a julho deste ano, o diesel já recuou R$ 1,39 por litro e a gasolina ficou R$ 0,63 mais cara.
O litro do diesel fechou o ano passado valendo R$ 6,38 nos postos e atingiu R$ 4,99 na semana entre os dias 16 e 22 de julho, ficando pela primeira vez abaixo de R$ 5 desde setembro de 2021. Já a gasolina passou de R$ 4,96, na última semana de dezembro de 2022, para R$ 5,59, neste mês.
No acumulado do ano, a prévia da inflação de julho está em 3,09%, de acordo com o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15), divulgado na terça-feira (25) pelo IBGE. Pelo índice, a gasolina registrou alta acumulada neste ano de 7,96%, e o diesel, queda de 23,25%.
O preço do diesel, fundamental para o transporte de cargas e coletivo no Brasil, afeta mais a classe de renda mais baixa, enquanto o da gasolina, a classe média.
A alta da gasolina reflete a volta integral da cobrança dos impostos federais PIS/Cofins sobre o produto, em março e em junho, além da mudança com a cobrança única do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nos estados. Essas alterações também afetaram o etanol, que, porém, registrou queda de 2,5% nos primeiros meses do ano.
A desoneração havia sido implementada pela administração passada, às vésperas das eleições, após o impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia, no valor dos combustíveis.
A Petrobras afirma que, apesar dos aumentos na bomba, nas refinarias os preços dos combustíveis vendidos às distribuidoras diminuíram em 2023. Foram anunciadas reduções em março, maio e junho.
De 31 de dezembro de 2022 até 18 de julho de 2023, segundo a Petrobras, o diesel caiu 32,7% (R$ 1,47/litro), a gasolina 18,2% (R$ 0,56/litro).
A empresa também anunciou em maio mudança em sua estratégia comercial para a variação de preços do diesel e da gasolina. Com a decisão, a companhia acabou com a paridade internacional como base principal para os reajustes, política que estava em vigor desde 2016.
“Na verdade, a Petrobras anunciou uma política de preços que ninguém entendeu bem, fez um alinhamento final em relação aos preços internacionais e disse que ia considerar o custo, mas até agora não existe uma fórmula. Se pedir para alguém desenhar essa fórmula, ninguém sabe. Tudo que a gente pode fazer é acompanhar as variações e ver o que está acontecendo”, afirma o economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Para ele, o preço do diesel está fazendo o caminho de volta, ou seja, retomando os valores de antes da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Por conta da guerra, muitos países europeus chegaram a estocar diesel até em alto-mar, com eventual corte do gás russo. Agora, no verão europeu, houve uma queda nos preços internacionais, que a Petrobras acabou transferindo para o mercado interno”, explica.
Mas o economista lembra que o combustível também sofrerá reoneração. A isenção dos impostos federais sobre os combustíveis foi aprovada em 2022, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro.
Em fevereiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu estender até março a desoneração para a gasolina e o etanol e até o fim de dezembro para o diesel.
No entanto, para compensar a perda de arrecadação com o aumento no valor do programa de incentivos de carros zero-km, que ocorreu em junho, o governo federal pretende reverter parcialmente a desoneração sobre o diesel que vigoraria até o fim do ano.
Dos R$ 0,35 do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) atualmente zerados, R$ 0,11 serão reonerados em setembro, depois da noventena, prazo de 90 dias determinado pela Constituição para o aumento de contribuições federais. Com a extensão, a reoneração subirá para R$ 0,14 em outubro.
“Mas existe a possiblidadede de isso ser adiado e ficar tudo para janerio, porque o diesel vem recuando. Então o governo talvez deixe para reonerar o diesel especificamente só no ano que vem mesmo, a depender do comportamento dos preços internacionais”, avalia Gonçalves.
Além disso, ele acredita que no ano que vem o governo poderá discutir o subsídio cruzado, de onerar ainda mais a gasolina e o etanol para não aumentar a carga tributária do diesel. “Acho que isso é uma possibilidade que está sobre a mesa e em estudo no governo”, acrescenta o economista.