A Polícia Civil de Alegrete, na fronteira Oeste, vai pedir à Justiça a prorrogação da prisão temporária do suspeito do assassinato da enfermeira Priscila Ferreira Leonardi, de 40 anos, que teve o corpo encontrado às margens do rio Ibirapuitã, no início do mês. Segundo a titular da 1ª DP de Alegrete, delegada Fernanda Mendonça, a medida vai permitir que as autoridades possam concluir as investigações e cumprir as diligências restantes.
“A prorrogação da prisão temporária do suspeito que já está preso, do Émerson, é justamente para conseguirmos acabar as investigações. Não existe um motivo específico para prorrogar, é só porque a investigação ainda está em andamento e a extensão do prazo é para cumprir o prazo da conclusão do inquérito policial”, detalhou, em entrevista à Rádio Guaíba.
A enfermeira havia sido vista pela última vez em 19 de junho. Moradora desde 2019 de Dublin, na Irlanda, ela veio ao país em férias, em maio, e pretendia retornar no início de julho. O suspeito do assassinato, primo de Priscila, chegou a procurar a Polícia, junto de outros familiares, para relatar o desaparecimento. Até o momento, dez pessoas prestaram depoimento. Durante as investigações, a polícia descobriu que Priscila tinha uma irmã mais nova, por parte de pai. O homem faleceu em 2020 e a família abriu um inventário para formalizar a divisão e tramitar a transferência dos bens. Segundo a delegada, a irmã da vítima ainda não depôs aos investigadores.
Ainda conforme a policial, existe a suspeita de que outros nomes estejam envolvidos no assassinato. “Há mais de uma semana a gente busca [investigar] nesse sentido… buscar outros envolvidos, outros autores que tenham participado e cometido esses crimes junto com esse suspeito que está preso, confirmar os nomes que já tínhamos na investigação e verificar, principalmente, se a morte da Priscila foi planejada desde o início ou se não era planejada e acabou ocorrendo porque alguma coisa saiu do controle. Isso é o que a gente busca até o final do inquérito policial”, esclarece.
A polícia ainda aguarda o laudo do local do crime. “No momento em que a gente encontrou o corpo, acionamos a equipe de perícia do IGP para fazer um levantamento fotográfico do local, em busca de alguma informação técnica a mais, do conhecimento deles. Esse laudo ainda não veio, ele demora realmente um pouquinho, até em razão do grande volume de trabalho do IGP nesse tipo de trabalho”, admite Fernanda Mendonça.
Em nota, a advogada do suspeito, Jo Ellen Silva da Luz, escreveu já estar ciente da possibilidade de prorrogação da prisão temporária. Quanto a um eventual pedido de liberdade, com impetração de um habeas corpus, a defesa disse não ter autorização para divulgar.
Ainda conforme a nota, há novas pessoas a serem investigadas, e “pessoas que se comportaram de forma ‘estranha’ após a morte de Priscila, provocando desconfiança, inclusive da própria defesa, que verificou a prática de atos e atitudes não condizentes com a postura mais adequada.
Confira, na íntegra, a nota da defesa de Émerson Leonardi:
Nota pela Defesa de Émerson Leonardi
A defesa sabe que até o momento ainda não se esclareceram várias arestas sobre os fatos, ainda há inúmeras diligencias para serem cumpridas e investigadas. Tenho acompanhado tudo de perto, vou umas 02 (duas) ou 03 (três) vezes por semana na delegacia, inclusive estive na DP terça passada conversando diretamente com a Dra. Fernanda, delegada responsável pelo caso, logicamente o conteúdo da conversa, por hora não será revelado.
Quanto à possibilidade de prorrogação da prisão temporária, já estamos cientes disso, pois é algo que sempre conversei com Émerson, ele tem noção de tudo que esta ocorrendo, pois sempre estou em contato com o mesmo em atendimento no PEAL. Quanto a pedido de liberdade, impetração de habeas corpus, nenhuma dessas informações tenho a autorização do mesmo para divulgar, até porque não acho necessário repassar teses/construções defensivas, quando nem mesmo se tem processo criminal judicial instaurado, seria expor Émerson de forma desnecessária para mídia.
No que pertine a novidades a defesa pode adiantar, respeitando a ética do processo que há novas pessoas a serem investigadas, pessoas que se comportaram de forma “estranha” após a morte de Priscila, provocando desconfiança, inclusive da própria defesa, que verificou a prática de atos e atitudes não condizentes com a postura que essas pessoas deveriam ter, defesa aguardará o andamento da investigação e elucidação sobre a motivação para esses pessoas terem faltado com a verdade em certas oportunidades perante a autoridade policial.
Alegrete, 27 de julho de 2023.
Jo Ellen Silva da Luz
Advogada Criminalista