O julgamento, em âmbito militar, de um sargento e de dois soldados acusados de ocultação de cadáver e falsidade ideológica no caso da morte de Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, em São Gabriel, na fronteira Oeste, deve ter a sentença conhecida na noite desta quinta. A etapa final começou às 13h20min, com a manifestação do Ministério Público Estadual, que atua na acusação.
O promotor de Justiça Luiz Eduardo de Oliveira Azevedo, em um trecho da fala, enfatizou equívocos na abordagem da BM a Gabriel, em 12 de agosto do ano passado.
“A gente tem um sargento ali, que era auxiliar do serviço externo e que já deveria cumprir essa função há mais tempo. E eles abordaram um adolescente embriagado. Provavelmente ali no local eles já viram que ele não era da cidade… Em cidade pequena, todo mundo se conhece. Ele [Gabriel] também já teria dito isso também, que não era dali. Qual o procedimento normal de uma ocorrência dessas? Vamos imaginar que ele está ali, causando tumulto… O correto, na verdade, é que ele deveria ter sido levado para a delegacia”, sustentou o promotor.
Após as falas da acusação, os advogados terão até 4h para fazer as sustentações. A sentença cabe ao Conselho Permanente da Justiça Militar, formado por uma juíza, que preside o órgão, um oficial superior e três outros oficiais da corporação.
O Ministério Público reitera a necessidade de condenação dos três réus. “De acordo com o que consta no processo, não temos a menor dúvida da culpabilidade dos acusados”, afirmou Azevedo.
Os PMs Arleu Cardoso Jacobsen, Cleber Renato Ramos e Raul Veras Pedroso, ainda devem ser julgados na Justiça comum, nos próximos meses, pelo crime de homicídio triplamente qualificado.
Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, desapareceu em 12 de agosto do ano passado, após a abordagem policial. Uma semana depois, o jovem teve o corpo encontrado em um açude, na localidade de Lava Pés. Os militares seguem, desde então, no Presídio Militar da capital.
Morador de Guaíba, Gabriel havia passado a morar em São Gabriel para prestar serviço militar obrigatório. Segundo o laudo do Instituto-Geral de Polícia (IGP), Gabriel morreu vítima de hemorragia interna, provocada por um objeto contundente na coluna cervical. Registros de GPS apontaram que a viatura circulou pela região do açude naquele dia.