Existe espaço para início do ciclo de quedas da taxa básica de juros (taxa Selic) a partir de agosto. A redução das expectativas de inflação mais longas, após a manutenção das metas de inflação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), aumentou essa probabilidade. A avaliação foi feita pela Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, em seu Relatório de Acompanhamento Fiscal de julho.
“A distância entre a taxa de juro real e a taxa de juros neutra, evidenciando uma postura ainda muito restritiva da política monetária para a inflação e a demanda agregada, reforça esse diagnóstico”, afirma a IFI, que também cita a melhora da inflação corrente, a moderação do crescimento da atividade econômica e os sinais de desaceleração no mercado de trabalho.
Não descartando a pressão possível sobre a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom), do Banco Central, em sua reunião de 1º e 2 de agosto, o Ministério da Fazenda justifica esta avaliação ao ter revisado para baixo a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 e 2024. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da Secretaria de Políticas Econômicos (SPE), a estimativa neste ano passou de 5,58% para 4,85%, muito próximo do teto da meta estipulado para 2023, que é de 4,75%. Para 2024, a projeção de IPCA caiu, indo de 3,63% para 3,30%.
TAMANHO DO CORTE
Mas a dúvida está quanto ao tamanho do corte da Selic, “diante da resiliência da inflação de serviços e da estabilidade das expectativas para o IPCA de 2025 e 2026, por ora, no patamar de 3,5%”, pondera o órgão.
Para o curto prazo, o IFI cita que os principais riscos de descumprimento das metas fiscais estão relacionados ao desempenho das receitas primárias. “Nos cinco primeiros meses de 2023, a receita recorrente tem se estabilizado em nível relativamente elevado (22,8% do PIB ante 22,6% do PIB em 2022), indicando arrefecimento da atividade econômica”, ressaltam.
