Cenário é de otimismo mas com alerta no horizonte

Boletim da FGV aponta melhora nos indicadores econômicos interno e externo

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Os números são um indicativo de que o ambiente econômico, tanto no Brasil quanto nos principais mercados internacionais, apresenta um avanço no controle da escalada inflacionária e na agenda de reformas. Mesmo assim, o desafio continua sendo a queda da inflação. A avaliação consta na edição de julho do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), ao apontar, tanto no Brasil quanto no exterior, desaceleração das taxas de inflação.

A inflação anual dos preços ao consumidor no Reino Unido, por exemplo, ficou em 7,9% em junho, abaixo dos 8,7% de maio. Já a inflação na Zona do Euro fechou em alta de 5,5% na comparação com junho de 2022, indicador que há um ano estava em 8,6%. Enquanto isso, o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos subiu 0,2% em junho e foi para +3% no confronto anual. Em maio, o indicador havia registrado aumentos de 0,1% no mês e +4% no ano.

“Há uma expectativa crescente de que será possível controlar a escalada inflacionária do pós-pandemia sem a necessidade de uma recessão. Isso abriria espaço para um cenário de menos aperto monetário, seja interrompendo mais cedo o ciclo de altas nos Estados Unidos, seja cortando mais rápida e significativamente as taxas de juros em países como o Brasil”, aponta o Boletim.

Uma outra boa notícia recente, segundo o FGV Ibre, foi a manutenção da meta de inflação para 2026 em 3%, pelo Conselho Monetário Nacional (Copom). Essa decisão fez com que as expectativas de inflação para horizontes de 2025 em diante recuassem significativamente, ressalta o texto.

ALERTA NOS PREÇOS

Mesmo que ainda seja cedo para estimar os reflexos, mesmo porque tudo pode acontecer, o fim do acordo para exportação de grãos entre Rússia e Ucrânia entrou na zona de preocupação dos analistas para a inflação no Brasil. O movimento pode ser um fator de pressão sobre os preços de alimentos já neste ano. Cálculos preliminares sinalizam que o fim do acordo poderia acrescentar 0,4 ponto percentual à inflação de alimentos. Há quem projete um IPCA fechando o ano em 5,10%, com 0,75 ponto vindo da categoria alimentos.