Estudo projeta abertura de 540 mil vagas até 2025 na indústria nacional, diz CNI

Maioria dos postos são do nível de qualificação e técnico, que exigem formação prática e mais curta

Foto: Guilherme Almeida / CP

Até 2025, as áreas de logística, construção civil, vestuário e energia devem abrir 540 mil novas vagas no país. A maioria dos postos de trabalho, 95%, são do nível de qualificação e técnico, que exigem uma formação prática e mais curta, com seis meses a dois anos de duração. Além do alto potencial de inserção no mercado de trabalho, os setores têm um salário médio que varia de R$ 1.800 a R$ 6.600. As projeções são do Observatório Nacional da Indústria (ONI), núcleo de inteligência e análise de dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O gerente-executivo do ONI, Marcio Guerra, ressalta que os quatro segmentos são estratégicos para o país.

“São setores dinâmicos, que tiveram uma rápida recuperação pós-Covid, respondem por um grande volume de vagas, são vetores da descarbonização da economia e altamente impactados pela digitalização dos processos produtivos”, justifica Guerra.

CAPACITAÇÃO 

Mais de 1,5 milhão de profissionais desses quatro segmentos terão de complementar a formação para acompanhar as mudanças decorrentes da automatização de processos. Para chegar aos números, o Observatório Nacional da Indústria realiza projeções de emprego e analisa as tendências organizacionais e tecnológicas da indústria para os próximos anos.

A área de logística e transporte é uma das que mais empregam e mais crescem na economia. Para 2025, a previsão é de 2 milhões de postos de trabalho. Sendo responsável pelo transporte, armazenagem e distribuição de produtos e mercadorias, o profissional desse setor precisa lidar com o gerenciamento inteligente de todas as etapas, das compras e estoque à entrega dos itens.

Entre as novas atividades que farão parte da rotina dos trabalhadores de nível técnico estão: antecipar variações de demanda, analisar relatórios de controle operacional logístico, operar softwares gerenciais e realizar o rastreio e monitoramento dos pedidos na cadeia de suprimentos.

CONSTRUÇÃO

Outro setor que emprega bastante no país, a construção civil deverá somar 1,7 milhão de vagas em 2025.  As profissões que mais serão impactadas pelas tendências tecnológicas e organizacionais são: mestre de obras, desenhista técnico de edificações, tecnólogo em controle de obras e técnico em edificações. Contudo, até mesmo armadores de ferro, gesseiros e pedreiros de alvenaria precisarão se adaptar.

Isso porque tem se difundido no segmento o uso de: estruturas pré-fabricadas/moldadas, processos construtivos mecanizados/automatizados, construção enxuta (lean construction), tecnologia de realidade aumentada, sistemas de automação residencial e drones para monitoramento das obras. A internet das coisas, por exemplo, é capaz de reunir informações detalhadas do que acontece no canteiro de obras em tempo real para automatizar processos como pedidos de novos materiais e ferramentas.

VESTUÁRIO 

O maior desafio para o setor de vestuário, que deve empregar mais de 600 mil pessoas em 2025, é para a ocupação com maior demanda e dificuldade de contratação pelas empresas: costureiras/operadores de máquinas. Outras profissões que também deverão se atualizar são os técnicos em modelagem, assistentes de estilo e gerentes de produção.   Por trás da escolha de uma peça de vestuário, está uma infinidade de inovações que passam despercebidas aos olhos do consumidor, como impressão 3D, design tridimensional, escaneamento corporal e fibras biossintéticas. Hoje, uma máquina utilizada por uma grande empresa de confecção costura, corta e modela peças em uma única etapa, com menor desperdício possível.

Apesar de responder por um volume menor de postos de trabalho – serão cerca de 140 mil em 2025 – o segmento de energia vem ganhando importância devido aos processos globais de transição energética e verde. O Brasil já tem uma matriz energética renovável e os investimentos para diversificar as fontes, ampliando o uso do sol e dos ventos, não param. Tanto a produção quanto operação e manutenção dos sistemas exigem mão de obra altamente especializada.