O indicador antecedente da Boa Vista de Movimento do Comércio, que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo território nacional, avançou 0,4% entre os meses de abril e maio de 2023, mesmo percentual de retração no trimestre móvel finalizado em maio em comparação ao período de dezembro do ano passado a fevereiro deste ano.
Na série de dados originais o indicador apontou alta de 1,2% na comparação interanual e na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, o crescimento voltou a acelerar, passando de 1,0% em abril para 1,3% na última aferição. O mesmo movimento ocorreu no resultado do acumulado em 2023, que agora registra crescimento de 0,8% contra o mesmo período do ano passado.
“Como esperado, a tendência de desaceleração no crescimento do indicador foi revertida, até que rápido, e isso corrobora a ideia de que essa curva vai apresentar uma dinâmica bem diferente daquela observada no ano passado, oscilando, sim, mas sem cruzar a linha da estabilidade.
Ainda há um desequilíbrio no setor, os segmentos menos dependentes do crédito, de produtos mais básicos, são os que estão sustentando os dados positivos até aqui e isso decorre de uma melhora na renda e de uma inflação menor e mais benigna em termos de composição”, diz o economista da Boa Vista, Flávio Calife.
Conforme Calife, os segmentos que dependem mais do crédito podem vir a mostrar melhores resultados à medida que o cenário de juros básicos se aproxima de um novo ciclo. Os cortes na taxa Selic são muito aguardados pelo setor, as condições de agora para isso acontecer são melhores, mas são recentes, até a primeira quinzena de maio as projeções de inflação ainda estavam subindo. “Talvez seja por isso que o Copom tenha preferido adotar uma postura mais cautelosa, não sinalizando com clareza quando virá o primeiro corte, embora isso seja, com base no cenário atual, só uma questão de tempo”, diz.