Pesquisa comprova que o uso de bioinsumos promove melhorias nas mudas da acácia-negra

O estudo, realizado por pesquisadores da área de solo e água do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), comprovou que a inoculação de rizóbios nas mudas de acácia-negra resultaram no aumento da qualidade das mesmas. Os rizóbios são bactérias fixadoras de nitrogênio. A solicitação de registro do inoculante será encaminhada nas próximas semanas para o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“Essa é uma etapa importante para disponibilizar a tecnologia, pois a partir disso as indústrias poderão produzir o bioinsumo e comercializar com os acacicultores”, destaca o engenheiro florestal Jackson Brilhante, coordenador do Comitê Gestor do Plano ABC+RS. Segundo ele, essa é uma ação importante do Plano, que visa ampliar a adoção de bioinsumos.

O engenheiro florestal e gerente de produção agroflorestal da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Juarez Pedroso Filho, relata que foram feitos testes com o inoculante em fevereiro deste ano. “A superioridade foi muito impressionante. De modo geral percebemos maior uniformidade, maior vigor, maior sanidade, maior uniformidade do lote, ou seja, todos os parâmetros de qualidade de muda foram superiores em relação às mudas não tratadas”, destaca. Uma amostra das mudas já foi encaminhada para análise para mensurar os parâmetros morfológicos. “Nós estamos na expectativa que a Secretaria obtenha os registros necessários e coloque no mercado esse inoculante”, afirma Juarez.

O estudo do DDPA

Na pesquisa, realizada pelo DDPA, foi observado que a inoculação foi capaz de aumentar em 20% o diâmetro do colo das mudas, 24% a altura das mudas, 13% a massa seca da parte aérea, 10% em massa de raízes e também acumulou cerca de 20% a mais de nitrogênio. Além disso, os ganhos com a inoculação vão além do processo de produção de mudas, porque após o plantio no campo, alguns estudos demonstram um aumento de 12% na sobrevivência e de 21% no volume individual das árvores. Além de ser uma tecnologia que requer baixo investimento financeiro, também reduz e, em alguns casos, elimina a necessidade do uso de fertilizantes nitrogenados, os quais aplicados em excesso podem trazer prejuízos ambientais, como a emissão de gases de efeito estufa e eutrofização de recursos hídricos. “O produtor poderá ter acesso a uma tecnologia de baixo custo que traz ganhos na qualidade das mudas, com baixo impacto ambiental, além de gerar uma economia no uso de fertilizantes nitrogenados”, afirma Jackson.

Além desse estudo, os pesquisadores também avaliaram a diversidade dos rizóbios em quatro áreas. De acordo com os pesquisadores Bruno Brito Lisboa e Luciano Kayser, as áreas com menor nível de acidez do solo foram as que apresentaram maior diversidade de microrganismos e estas, por sua vez, resultaram em maior crescimento no diâmetro das árvores de acácia-negra. É recomendado que o produtor, além de realizar a inoculação das mudas com bioinsumos, também deve procurar fazer a correção do solo para reduzir os níveis de acidez do solo, e assim estimular microrganismos nativos que tenham capacidade de fixar nitrogênio e promover maior crescimento das árvores.

Os resultados estão publicados no artigo científico “Diversity of rhizobia, symbiotic efectiveness, and potentialof inoculation in Acacia mearnsii seedling production”. Acesse aqui:  (https://link.springer.com/article/10.1007/s42770-022-00867-2)

Para mais informações sobre o Programa Nacional de Bioinsumos, acesse:  https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inovacao/bioinsumos