Centro Municipal de Cultura opera sem água para frequentadores e com banheiros interditados desde ciclone

Prefeitura abriu processo para a reposição das bombas de drenagem; não há prazo para que impasse seja solucionado

Foto: Nádia Martins/Rádio Guaíba

Doze dias após o fechamento do Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, em razão dos efeitos do ciclone que atingiu o Rio Grande do Sul, o local, no bairro Azenha, em Porto Alegre, segue sem água no andar superior e com banheiros interditados, mesmo recebendo público para os espetáculos em cartaz. A chuva em excesso alagou a sala do transformador de energia e o quadro geral de baixa tensão, em 16 de junho. 

Na noite desta quarta, em que Nei Lisboa comemorou, no Teatro Renascença, os 10 anos do álbum A Vida Inteira e lançou a versão em vinil de Telas, Tramas & Trapaças do Novo Mundo (2015), em meio a uma série de shows pelos 40 anos de carreira, fãs do cantor e compositor tinham à disposição três banheiros químicos, porque os sanitários, ainda sem água, seguem inoperantes.

Foto: Nádia Martins/Rádio Guaíba

A situação se resume no desabafo do professor Paulo Sergio Fioravante Jardim, de Porto Alegre: “Cheguei para o show junto com a minha esposa e não tem banheiro, não tem água, não tem onde higienizar as mãos. Então, é uma situação vexatória, humilhante até para quem pagou pelo ingresso, quem pagou pelo show, quem se dispôs a sair de casa e expõe também, de certa maneira, como o poder público está tratando a cultura em Porto Alegre. Se a gente ampliar essa discussão, fica aqui a dúvida: como é que a prefeitura está permitindo uma situação dessas?”, questionou.

Segundo o coordenador de Artes Cênicas da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, Jessé Oliveira, as bombas de drenagem estragaram, o que explica a inundação no dia do ciclone. Ele garante que a prefeitura já abriu processo para a reposição dos equipamentos, mas ainda não há data para que isso ocorra. “Esse prédio tem porões e foi construído abaixo do nível do arroio Ipiranga, o que gerou uma inundação muito grande. Tudo estava funcionando perfeitamente até aquele dia. As bombas d’água jogavam água para fora e, como o entorno não tem um sistema de drenagem, toda água que as bombas jogavam voltava. Inundou o porão, outras partes do prédio e chegou muito próximo dos transformadores”, contou.

Ainda conforme o coordenador, a situação demandou a suspensão temporária de energia elétrica, durante uma semana. Com apoio do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), foram utilizados caminhões com bombas sugadoras para a retirada da água que se acumulou nos porões. O restabelecimento da energia, com segurança, só ocorreu após essa drenagem, na quinta-feira passada.

“As bombas de drenagem estragaram e nós já abrimos processo para reposição. Alguns equipamentos não se adquire de um dia para o outro. Por mais que se tenha os recursos, a gente não encontra no mercado. Até porque esse equipamento foi muito procurado na cidade devido a outros estragos. Então, isso está sendo reposto”, acrescentou.

O coordenador acrescenta que a Secretaria da Cultura acordou, com todas as produções que tinham programações agendadas, liberdade para cancelarem as apresentações sem prejuízo. “O que a gente conseguiu oferecer, neste momento, é que fossem colocados banheiros químicos, era o que estava ao alcance da prefeitura para dar condições mínimas de resolver parte do problema. E quando digo parte é porque não soluciona, a gente precisa ter a reposição das bombas. Então, é muito importante dizer que a manutenção das atividades culturais foi decisão dos produtores” reforçou.

A água da chuva chegou a alcançar quatro metros no porão do Teatro Renascença e também se espalhou pela Biblioteca Pública, onde molhou móveis e materiais de trabalho e de consulta dos frequentadores. Jessé também nega que os funcionários do Centro Municipal de Cultura estejam sem água para trabalhar. De acordo com o coordenador, isso só ocorre no andar térreo, sendo possível usar os banheiros e torneiras do subsolo, normalmente. Sem a compra do novo equipamento, completa, a água também não sobe.