O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nessa terça-feira, que, mesmo após ter participado de uma live em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou haver fraudes nas eleições, nunca teve acesso a informações da Polícia Federal confirmando essa tese. O portal R7 teve acesso ao depoimento, que é sigiloso e apura a conduta de Bolsonaro durante uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado. Na ocasião, o ex-presidente levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas, sem apresentar provas, e atacou o sistema eleitoral brasileiro.
“A única coisa que eu tinha em mãos eram esses trechos desses relatórios. E tudo que foi falado foi com base nesses trechos desses relatórios. Nada além disso, não tinha outro documento, não tinha análise de nada. Eram esses relatórios públicos, que são encaminhados ao Tribunal Superior Eleitoral nesse chamamento público”, disse Torres.
Segundo Torres, a Polícia Federal nunca apresentou, pelo menos a ele, o resultado de alguma investigação que tenha concluído pela existência de fraude na eleição. Nessa mesma ação — para a qual Torres depôs nessa terça-feira —, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, votou para tornar Bolsonaro inelegível por oito anos. Para Gonçalves, está configurado abuso de poder político no uso do cargo de presidente por Bolsonaro. Segundo o ministro, houve desvio de finalidade no uso do “poder simbólico do presidente e da posição do chefe de Estado” para “degradar o ambiente eleitoral”.