Taxa de extrema pobreza na Grande Porto Alegre é 85% mais alta que há uma década

Estudo aponta que a taxa de extrema pobreza recuou de 3,56% para 3,22% entre 2021 e 2022

Foto: Helena Tallmann/Agência IBGE Notícias

Após sofrer forte queda no ano de 2021, a renda média domiciliar per capita da região metropolitana de Porto Alegre teve uma alta em 2022, subindo aproximadamente 7% e chegando ao valor de R$ 2.257. Apesar de ainda estar abaixo do valor encontrado no período anterior à pandemia, de R$ 2.323 em 2019, a alta da renda no último ano atingiu todos os estratos sociais: entre os 40% mais pobres o rendimento médio subiu 4%; entre os 50% intermediários houve alta de 8,7%; e entre os 10% mais ricos o aumento foi de 3,9%.

As informações estão na décima terceira edição do “Boletim – Desigualdade nas Metrópoles”, produzido em parceria pelo PUCRS Data Social, o Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). Os dados são provenientes da PNAD Contínua anual (acumulados na 1ª visita até 2015 e na 5ª visita a partir de 2016), do IBGE, e dizem respeito à renda domiciliar per capita total.

O incremento na renda, incluindo aqueles mais próximos da base da pirâmide, fez a taxa de extrema pobreza na grande Porto Alegre cair de 3,56% para 3,22%. Apesar de parecer uma queda leve, em termos absolutos isso significa que mais de 13,7 mil pessoas deixaram a extrema pobreza no período.

EXTREMA POBREZA

Já a taxa de extrema pobreza da região metropolitana de Porto Alegre é, hoje, 85% mais alta que há uma década. Em 2012 essa taxa era de 1,74%, chegou a 1,23% em 2013, e desde então apresenta tendência clara e contínua de alta, estando hoje 1,48 pontos percentuais acima do início da série histórica. Em termos absolutos, significa que existem atualmente 68,4 mil pessoas a mais em situação de extrema pobreza do que havia em 2012. Quando comparamos com 2013, essa diferença é ainda maior, de 88,9 mil pessoas.

Nesse período de dez anos, a taxa de extrema pobreza na região metropolitana de Porto Alegre cresceu de modo mais acelerado do que nas outras metrópoles da Região Sul. Se, entre 2012 e 2022, o crescimento foi de 85,3% em Porto Alegre, na região metropolitana de Florianópolis a alta foi de 28,8%, e na região metropolitana de Curitiba chegou a 32,9%. Em 2022, a taxa de extrema pobreza era de 2,37% em Curitiba, 1,7% em Florianópolis, e 3,22% em Porto Alegre.

Segundo Andre Salata, coordenador do PUCRS Data Social e um dos autores do estudo, o principal fator para entender tais variações na taxa de extrema pobreza na grande Porto Alegre se encontra na renda do trabalho. “Entre 2012 e 2021 o rendimento domiciliar per capita do trabalho caiu 8,5% na região, e entre os 10% mais pobres essa queda foi de 31,5%. Já entre 2021 e 2022 a renda do trabalho aumentou 5,9% na grande Porto Alegre, sendo este aumento de 10,6% entre aqueles na base da pirâmide. Como a renda do trabalho corresponde, em média, a mais de 70% dos rendimentos domiciliares, esses movimentos explicam a maior parte da variação nas taxas de extrema pobreza”.

No Rio Grande do Sul, segundo dados do IBGE, a taxa de desocupação caiu de 8,1% para 4,6% entre o quarto trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022, o que ajuda a explicar a recuperação da renda do trabalho das famílias no último ano.