Condenado por tentar detonar uma bomba a fim de explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília, o empresário George Washington de Oliveira Sousa se manteve em silêncio durante oitiva da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI) do 8 de Janeiro. O depoimento do empresário era esperado para esta quinta-feira. Logo no começo da sessão, ao ser questionado sobre em que data chegou à Brasília, George afirmou: “manterei o direito de ficar calado”.
O presidente da Comissão, deputado federal Arthur Maia (União-BA), chegou a chamar o empresário de “verme” . “O senhor não é testemunha, testemunha são os policiais que o prenderam. O senhor é um criminoso. E está aqui na condição de investigado. Tem seus direitos, mas, sinceramente, o senhor envergonha esse país, a sociedade, a todos”, criticou.
Outras testemunhas depuseram
Na mesma sessão, a Comissão ouviu o delegado da Polícia Civil Leonardo de Castro e dois peritos da corporação que atuaram no episódio de tentativa de explosão da bomba, Renato Martins Carrijo e Valdir Pires Dantas Filho.
Em depoimento, Castro associou a plano de atentado na véspera do Natal com a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal, em 12 de dezembro, no dia da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República.
Na ocasião, um grupo de vândalos se reuniu em frente à sede da PF e tentou invadir o prédio. Como foram impedidos, eles começaram uma manifestação nas ruas, queimaram carros e ônibus e atacaram soldados da Polícia Militar, arremessando pedras e pedaços de madeira.
“Naquela ocasião, começamos as diligências, coletamos imagens, o trabalho foi feito de forma ininterrupta. Na madrugada, protocolamos dois pedidos de prisão temporária, com nove pessoas identificadas. Dois dos envolvidos [na tentativa de explosão do aeroporto] estavam no ataque à sede da PF”, afirmou Castro. Ele se refere aos investigados Alan Diego dos Santos, que está preso, e Welington Macedo, foragido.
Quem é George Washington de Oliveira
Condenado a nove anos e quatro meses de prisão por ter tentado detonar uma bomba e explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília na véspera de Natal do ano passado, George Washington está preso desde o dia do episódio. O artefato chegou a ser acionado, mas não funcionou por falha técnica.
Empresário e morador do Pará, ele dirigiu até o Distrito Federal após o segundo turno das eleições com armas de grosso calibre e bananas de dinamite no carro. Na época, Washington passou a frequentar o acampamento montado no quartel-general do Exército, em Brasília, que reunia grupos que pediam a anulação das eleições.
Em depoimento à polícia, ele afirmou estar descontente com o resultado das eleições e que pretendia detonar os explosivos para chamar atenção para o movimento a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).