Durante a sabatina do advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) encaminhou 14 perguntas e questionou se Zanin atuou como padrinho de casamento de Lula com a primeira-dama, Janja da Silva. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado organiza a sabatina.
O parlamentar tinha prometido fazer perguntas técnicas ao advogado, para avaliar a competência dele em fazer parte do STF, mas abordou a relação pessoal de Zanin com Lula. O advogado representou o presidente nos processos da Lava Jato, tornando-se o principal responsável por conseguir a absolvição de Lula nos escândalos investigados pela operação, anulando inclusive penas impostas por Moro ao presidente. “Eu li, por exemplo, vi na internet, não sei se é procedente ou não essa afirmação, que vossa excelência teria sido padrinho de casamento, do recente casamento do presidente. Não sei se é verdade ou não e, se não for, eu peço até as minhas escusas, mas é importante para nós, aqui do Senado, termos presente essa relação, se ela vai além da atuação como advogado particular”, perguntou Moro.
Zanin reconheceu ter uma relação de proximidade com Lula, mas negou ter sido padrinho de casamento dele e Janja. “A minha relação com o presidente Lula é uma relação que se estabeleceu ao longo do tempo. Na condição de advogado, eu tive uma convivência bastante frequente com o presidente Lula. Não fui padrinho do casamento do presidente Lula e prezo muito esta relação, assim como a relação que tenho com outras pessoas, inclusive deste Senado”, respondeu.
“Neste ano, a única vez em que eu estive presencialmente com o presidente Lula foi o dia em que eu fui convidado a ir ao Palácio do Planalto para receber o convite para ser indicado ao Supremo Tribunal Federal. A minha relação tem esses contornos. Eu jamais vou negá-la, ao contrário. Sou grato ao presidente Lula por ter indicado o meu nome ao Supremo Tribunal Federal para que fosse feito o crivo deste Senado”, completou Zanin.
Moro também perguntou a Zanin se ele vai se declarar suspeito em processos relacionados a Lula, mas o advogado só prometeu que não vai julgar casos passados e que vai ter de analisar se pode participar de questões futuras envolvendo o petista.
“Os processos em que eu funcionei como advogado, se aprovado for por esse Senado, eu não poderei vir a julgar este processo, esta causa, se estiver no Supremo Tribunal Federal. Por outro lado, em questões futuras, processos futuros, evidentemente que é necessário, para aquilatar ou não uma hipótese de impedimento ou suspeição, analisar os autos, analisar quem são as partes, analisar qual é o conteúdo”, afirmou.