O 16º óbito confirmado no Rio Grande do Sul em razão do ciclone extratropical – e o quinto em Caraá, no litoral Norte -, era de José Beretta, conhecido como Zequinha. O idoso, de 73 anos, sofria de doença pulmonar crônica e fazia uso de um cilindro de oxigênio no momento da tragédia. De acordo com o relato do sobrinho dele, Miguel Paulo de Souza Beretta, o tio era portador de retardo mental. Dois filhos de Zequinha, já adultos, também com limitações cognitivas, saíram correndo da casa, quando o temporal começou, e deixaram o pai sozinho.
“Ele estava com dois filhos, o mais velho e o filho do meio, que já são adultos mas também têm retardo mental. Na hora que a casa começou a ser invadida pela água, eles fugiram e deixaram o pai para trás”, relata.
Ainda de acordo com o sobrinho, o fato de o corpo ter sido encontrado após quatro dias de intensas buscas trouxe sensação de alívio para que se possa dar o devido sepultamento ao tio.
“Dá uma sensação de alívio porque ao menos assim a gente pode dar um funeral decente, porque é brabo ficar um ente da família da gente perdido, sem saber o que aconteceu e sem dar um funeral decente. A gente, que é católico, quer pelo menos sepultar o corpo dele no cemitério com o restante da família”, justifica.
O município de Caraá, um dos mais atingidos pelo ciclone extratropical, contabilizou a maior quantidade de mortes durante a tragédia. Com a descoberta do último corpo, as buscas foram encerradas na região.
*Com colaboração dos repórteres Felipe Faleiro e Kyane Sutelo/Correio do Povo