Ronaldo Lima da Silva, de 32 anos, denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) por matar um morador em situação de rua a chutes, pisões e socos, para se exibir, em 2022, vai ser levado a júri popular nesta terça-feira. O julgamento ocorre no salão do júri da Comarca de Vacaria.
Segundo o promotor de Justiça que atua no caso, Damasio Sobiesiak, o acusado desferiu em torno de 52 golpes contra André Roberto Girardi de Lima. “Todos eles em regiões muito vitais, como no peito, face e cabeça. Nos primeiros golpes, a vítima caiu e continuou sendo chutada no rosto, na cabeça, nas costelas, tanto que resultou em costelas quebradas, traumatismo craniano, embolia pulmonar e contusão pulmonar”, explica.
A vítima, de 48 anos, chegou a ser transferida a um hospital em Caxias do Sul, mas por conta dos ferimentos graves, morreu 17 dias depois.
Ainda conforme o promotor, o fato tomou dimensão de interesse público diante do inusitado: alguém querer matar uma pessoa apenas para “mostrar como se mata alguém”.
Sobiesiak detalha que o acusado vai responder por homicídio consumado quatro vezes qualificado. “Qualificado pelo motivo torpe, fútil, meio cruel e emprego que dificultou a defesa da vítima”. Ainda conforme o promotor, durante a tramitação do processo, uma das qualificadoras – a de motivo fútil – caiu, mas permanecem as outras três: motivo torpe (acusado praticou o homicídio para se exibir); meio cruel e emprego que dificultou a defesa da vítima.
Conforme o promotor, não há previsão de testemunhas em plenário. Após o interrogatório do réu, MPRS e defesa terão uma hora e 30 minutos cada para se manifestarem. Se houver réplica e tréplica, o tempo extra vai ser de uma hora para cada parte.
Crime
Por volta das 5h20min de 20 de fevereiro do ano passado, na rua Marechal Floriano, centro de Vacaria, o acusado agrediu a vítima com violência extrema. De acordo com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o morador em situação de rua sofreu fratura de crânio e hemorragia.
De acordo com testemunhas, André Roberto Girardi de Lima havia sido agredido gratuitamente. Conforme os relatos de amigos do agressor, o réu disse que queria mostrar a eles “como é que se mata uma pessoa”.
Ao encontrarem a vítima, que vivia em situação de rua, o acusado, imediatamente, passou a desferir socos, pisões e chutes, especialmente na cabeça e na face, após André, sob efeito de álcool, ter pedido um cigarro.
As agressões continuaram, mesmo com a intervenção de testemunhas e com a vítima caída na rua, sem reação. André morreu internado em 7 de março.