Ainda tem muito chão nesta longa estrada da economia brasileira colocada nos trilhos. Mas é de degrau em degrau que se deve subir uma escada. A boa notícia chegou na tarde desta quarta-feira pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings, que revisou a perspectiva de longo prazo na escala global para o Brasil de estável para positiva. Esta classificação positiva para o país não ocorria desde 2019.
Conforme o comunicado, a revisão reafirma os ratings de crédito soberano ‘BB-/B’. “A avaliação de transferência e conversibilidade permanece ‘BB+’.” Nos critérios de definição da agência, os sinais de maior certeza sobre políticas fiscais e monetárias estáveis podem beneficiar as atuais perspectivas de baixo crescimento do PIB do Brasil.
Na avaliação da S&P Global Ratings, apesar dos déficits fiscais ainda grandes, o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto associado a maior estrutura emergente para a política fiscal podem resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo do que o inicialmente esperado.
“Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos à sua flexibilidade monetária e posição externa líquida”, concluiu o texto.
DESEMPENHO ECONÔMICO
De acordo com dados revelados recentes divulgados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira avançou 1,9% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com os últimos três meses do ano passado, o que significa a maior desde o período de outubro e dezembro de 2020 (+3,4%). Na análise somente do primeiro trimestre, trata-se do melhor desempenho da economia no período desde 2010 (+2,2%).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a alteração na nota brasileira, mas se preocupou em compartilhar com o Congresso e com o judiciário o resultado com as iniciativas que estão sendo tomadas “na direção correta de arrumar as contas do Brasil e permitir que a gente possa avançar com a geração de emprego, de desenvolvimento”.
Associada à decisão do banco central norte-americano de manter inalterada a taxa de juros até a próxima reunião, mesmo que analistas considerem pouco provável que o indicador não se eleve nos próximos meses, a consequência da decisão da S&P Global Ratings também contribuiu para indicadores macroeconômicos. O dólar fechou a quarta-feira em queda de 1,15%, cotado a R$ 4,80, o menor valor desde junho de 2022. No primeiro pregão do ano, em 3 de janeiro, a moeda estava cotada a R$ 5,48. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), fechou em alta de 1,99% o pregão, aos 119.069 pontos, retomando o patamar dos 119 mil pontos pela primeira vez desde 21 de outubro.
Mas claro, este cenário só serve para pressionar ainda a reunião da próxima semana, dias 20 e 21, do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a taxa Selic brasileira. “Penso que a harmonia entre os Poderes tem contribuído para os resultados. Está faltando o BC se somar a esse esforço, mas quero crer que estamos prestes a ver isso acontecer”, afirmou Haddad.