Pesquisa aponta que classe média está mais endividada e mais inadimplente

Levantamento da CNC aponta um aumento de 0,9 ponto percentual, em relação a abril

Dinheiro

A classe média brasileira está mais endividada. É o que constata a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada nesta terça-feira, 6, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), houve queda da proporção de endividados entre os mais pobres e os mais ricos (0,3 ponto percentual nos dois casos), enquanto o índice de endividados aumentou nas faixas de rendimento médio. Na comparação anual, no entanto, o endividamento cresceu em todos os grupos.

Conforme Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa, em maio, 79,6% das famílias que ganham de três a cinco salários estavam endividadas – maior percentual entre as faixas de renda observadas – um aumento de 0,9 ponto percentual, em relação a abril, e de 1 ponto percentual no comparativo anual. Daquelas que têm rendimentos de cinco a dez salários mensais, 78% estavam endividadas em maio, um crescimento de 0,2 ponto percentual na comparação mensal e de 2 pontos percentuais em relação a maio do ano passado.

O padrão se repetiu no que diz respeito à inadimplência, com aumento do indicador na classe média: o contingente de pessoas que recebem entre três e cinco salários mínimos e estão com dívidas atrasadas cresceu 1,9 ponto percentual. em maio; e, entre aquelas que ganham de cinco a dez salários, o índice subiu ainda mais: 2,1 pontos percentuais. Mas o maior percentual de inadimplência segue entre as famílias com renda de zero a três salários, atingindo 36,3% delas.

REDUÇÃO

Segundo Izis Ferreira, o maior alcance e aumento dos valores do Bolsa Família e a retomada das contratações formais de pessoas com menor escolaridade têm auxiliado os consumidores que recebem menos de três salários mínimos a pagar as dívidas. “São eles, também, o principal foco de renegociações e, com isso, o risco de inadimplência vem aumentando mais na classe média”, explica a economista.

A economista responsável pela Peic explica ainda que o volume de consumidores com atrasos por mais de 90 dias segue a tendência de alta. Cerca de 45,7% do total de inadimplentes estão com atrasos por mais de três meses, maior percentual em três anos. A CNC estima que esse índice, no entanto, deve reduzir gradualmente no segundo semestre, encerrando o ano próximo a 44,5%. Mesmo com a diminuição, caso se concretize esse prognóstico, a proporção anual será a maior desde 2019.