Polícia de Viamão indicia três pessoas e fabricante de molho de tomate com traços de fungos e ovos de parasita

Delegada acrescenta ter recebido relatos de casos ocorridos em outras cidades, como Porto Alegre, São Leopoldo, Sapiranga e Dois Irmãos

Foto: Redes Sociais/Reprodução

A Polícia Civil concluiu, neste sábado, o inquérito que apurou denúncias de consumidores que, no fim de dezembro do ano passado, relataram ter comprado embalagens de molho de tomate da marca Fugini contendo ‘corpos estranhos’, em Viamão, na região Metropolitana. Foram indiciados dois sócios e um funcionário responsável pelo controle técnico de qualidade do produto, por crime contra a relação de consumo, assim como a própria empresa, que fabrica na cidade paulista de Morro Alto.

Segundo a corporação, o Laboratório Central do Estado analisou amostras do molho tradicional da marca, coletadas em três mercados diferentes de Viamão. O laudo mostrou que, embora os fragmentos de insetos encontrados tenham ficado dentro dos valores de referência tolerados pela Anvisa, isso indica falha ‘nas boas práticas’ da produção. Já o Laboratório de Patologia do Instituto Geral de Perícias (IPG/RS) apontou que as amostras do molho trazidas pelos consumidores, em embalagens ainda fechadas, continham colônias de fungos e fragmentos de ovos de parasitas, ampliando o risco alimentar.

Os peritos destacaram que, mesmo que o risco de morte seja mínimo, quem ingere um produto com esse tipo de contaminação fica sujeito à ação de toxinas que podem desencadear ou piorar quadros alérgicos, além do risco de infestação do organismo pelo parasita.

A Polícia reforça, no inquérito, que o molho das embalagens analisadas era impróprio para o consumo, embora os responsáveis pela empresa tenham negado falha no processo produtivo. A delegada Jeiselaure ressalta, ainda, que as amostras tinham apresentações finais e lotes diferentes, mas todas fabricadas pela mesma empresa.

Além do indiciamento criminal, a empresa já havia sido notificada administrativamente, no início da investigação, a tomar as providências exigidas pelo Ministério Público e as autoridades de saúde.

A delegada acrescenta ter recebido relatos de casos ocorridos em outras cidades, como Porto Alegre, São Leopoldo, Sapiranga e Dois Irmãos. Ela acredita, ainda, que o número de embalagens irregulares tenha sido subnotificado.

Em fim de março, a Anvisa suspendeu a fabricação, comercialização, distribuição e uso de todos os alimentos da marca Fugini. Em nota, a empresa informou ter passado “por um processo de vistoria” em uma das fábricas de Monte Alto. “… O que gerou uma ordem para alteração de alguns processos e procedimentos internos, respeitamos e, rapidamente, alteramos os pontos indicados”, completou a fabricante.