Deputado gaúcho entra com ação popular contra indicação de Cristiano Zanin ao STF

Presidente Lula confirmou escolha de advogado pessoal para vaga na Corte

Trecho da ação protocolada pelo Deputado Estadual Felipe Camozzato. Foto: Rádio Guaíba

O deputado estadual Felipe Camozzato (Novo/RS) ingressou com uma ação popular contra a indicação do advogado Cristiano Zanin a uma vaga no Supremo Tribunal Federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, nesta quinta-feira, ter escolhido o advogado, que o defendeu pessoalmente em processos referentes à Operação Lava Jato, para substituir o ministro Ricardo Lewandowski – que se aposentou de forma compulsória. A ação vai tramitar na Justiça Federal do Rio Grande do Sul.

Conforme o deputado, o escolhido não cumpre o requisito de “notável saber jurídico”, previsto na Constituição Federal. Ele ainda considera que se tratou de uma indicação pessoal do presidente, em que a confiança privada de Lula se torna a principal credencial.

“Acredito que o partido [Novo] vá se mobilizar na atuação da nossa bancada federal e imagino que o partido esteja estudando outras formas de agir para impedir essa nomeação. A minha ação é uma ação popular, e não uma ação de deputado estadual, mas sim do cidadão Felipe Camozzato, que está questionando justamente a legalidade dessa indicação”, explica.

Ainda conforme o parlamentar, Zanin não construiu uma carreira de magistrado que possa comprovar experiência para se tornar ministro do STF. Ele também alega que a indicação é uma flagrante ilegalidade ao ferir o princípio da impessoalidade.

“Lula deixou isso muito claro na sua fala. Que, pela sua amizade e serviços prestados para ele, o Zanin era credenciado para assumir o cargo. Me parece que inclusive isso expõe a Suprema Corte, que, cada vez menos, perde credibilidade com a população e precisaria se afastar do mundo político. Imagine esse advogado [Zanin], que está defendendo empresas que estão na Operação Lava Jato sendo o julgador dessas ações e participando da Corte Suprema, podendo representar conflito de interesses direto”, ressalta.

Nos próximos dias, Cristiano Zanin vai ser sabatinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. Posteriormente, o advogado precisa ter o nome aprovado por ao menos 41 dos senadores em votação secreta no plenário. Caso atinja os votos necessários, Zanin pode assumir como ser ministro até o ano de 2050, quando completa 75 anos, idade da aposentadoria compulsória a todos os integrantes da Corte.