Lula é aconselhado a trocar ministros do União Brasil depois de derrotas no Congresso

Apesar de estar a frente de três pastas, partido não vem seguindo orientação do governo em votações no parlamento

Foto: José Cruz/ Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem sendo aconselhado por integrantes do Executivo a fazer alterações na composição ministerial para tentar melhorar a governabilidade com o Congresso Nacional. O principal pedido é para que ele troque os ministros filiados ao União Brasil.

Hoje, a legenda comanda três pastas: Integração e do Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes (que entra na cota do partido apesar de ainda estar licenciado no PDT); Turismo, com Daniela Carneiro; e Comunicações, com Juscelino Filho. O partido virou alvo de insatisfação dentro do governo depois de não seguir a orientação do Executivo em votações no Congresso.

Nessa terça-feira, por exemplo, durante a análise na Câmara dos Deputados do projeto de lei do marco temporal de demarcação de terras indígenas, o União Brasil se mostrou favorável à aprovação da proposta, ao contrário da base governista. Dos 59 deputados da legenda que participaram da sessão, 49 votaram sim. Apenas dois foram contra e oito não votaram.

A postura desalinhada com os interesses do governo já tinha acontecido antes, como na votação de um projeto que derrubou as alterações promovidas pela gestão atual em regras do marco do saneamento básico. Na ocasião, nenhum deputado do União Brasil votou contra e 49 aprovaram o texto, contrariando Lula.

Diante desse cenário, membros do governo dizem não haver sentido em acomodar na Esplanada dos Ministérios integrantes de um partido que não se mostra fiel a Lula. Em contrapartida, o espaço pode ser cedido a outras legendas, mais alinhadas com os interesses do Planalto.

Ministérios em risco
As conversas sobre tirar o União Brasil do governo ocorrem no momento em que Lula corre o risco de perder uma parcela expressiva da gestão. O Congresso vai ter prazo até esta quinta para analisar a medida provisória que definiu a estrutura ministerial do governo do petista. Caso a matéria não seja aprovada ou sequer votada, a gestão de Lula deixa de ter 37 pastas e passa a contar com 23, como era no fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL).