Justiça aceita denúncia contra acusado de matar namorada com espada e queimar o corpo na capital

Homem vai responder pelos crimes de feminicídio, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, crime contra a mulher, destruição parcial do cadáver e posse de munição de arma de fogo de uso permitido

Foto: Divulgação/Brigada Militar

A juíza Cristiane Busatto Zardo, da 4ª Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre, aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual contra André Avila Fonseca, acusado de matar a namorada em 25 de março deste ano no bairro Lami, zona Sul de Porto Alegre. O homem, que dizia “necromante”, vai responder pelos crimes de feminicídio, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, crime contra a mulher, destruição parcial do cadáver e posse de munição de arma de fogo de uso permitido. Os detalhes da decisão, de 22 de maio, só foram divulgados nesta quarta.

A vítima, Laila Vitória Rocha Oliveira, de 21 anos e natural de Parauapebas, no interior do Pará, conheceu o homem através de redes sociais e, segundo a família, mantinha um relacionamento à distância. Conforme a Polícia Civil, a paraense tinha passagem comprada para retornar ao estado do Norte em 30 de março, cinco dias depois de ser morta. 

Segundo o MP, moradores das imediações acionaram a polícia após ouvirem tiros, que conforme a Polícia Civil, atingiram o celular de Laila. A paraense morreu vítima de perfuração, causada com o uso de uma espada da coleção do dono do imóvel. Ainda segundo a acusação, o homem ainda ateou fogo ao corpo dela, encontrado parcialmente carbonizado em uma lareira da residência.

Em redes sociais, Ávila fazia uso de um nome fictício – “Victor Samedi” – para difundir uma seita religiosa que ele mesmo havia criado. Ele oferecia serviços relacionados à feitiçaria e tinha, em casa, imagens semelhantes às do satanismo.

Desde janeiro, Ávila era monitorado com tornozeleira eletrônica por conta de uma tentativa de homicídio triplo, ocorrida em 2007, cuja decisão judicial saiu apenas neste ano. A Brigada Militar em Viamão, na região Metropolitana da capital, cumpriu, quatro dias após o crime contra Laila, um mandado de prisão expedido contra o acusado. Policiais do 18° BPM já vinham monitorando o homem, que havia fugido por um matagal aos fundos da residência após o delito.

O processo tramita em segredo de justiça. Em nota expedida após a prisão, a defesa de Ávila negou que “os fatos apurados nas investigações possuam motivações religiosas e que a jovem tenha sido mantida em cárcere privado”.