Presidente do Uruguai critica Lula por dizer que Venezuela é ‘vítima de uma narrativa’

Luis Lacalle Pou disse ter ficado ‘surpreendido’ com declaração do presidente brasileiro

Foto: Ricardo Stuckert/R7

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticou nesta terça-feira uma afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que a Venezuela é alvo de “narrativas” ideológicas devido ao regime de Nicolás Maduro. Durante a cúpula em Brasília de presidentes de países da América do Sul, Lacalle Pou disse ter ficado “surpreendido” com a declaração. Segundo o uruguaio, não se pode fechar os olhos para o que acontece na Venezuela.

“Já sabem o que nós pensamos a respeito da Venezuela e do governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que estão tratando de mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que se respeitem os direitos humanos para que não haja presos políticos, o pior que vamos fazer é tapar o sol com o dedo. Ponhamos o nome que tem e ajudemos”, criticou Lacalle Pou.

O presidente uruguaio criticou ainda, uma declaração que deve ser assinada ao fim do encontro desta terça-feira entre os presidentes da América do Sul. Um dos pontos do texto menciona que os países defendem o respeito à democracia, aos direitos humanos e às instituições. Na avaliação de Lacalle Pou, nada disso é respeitado na Venezuela. “Obviamente, vamos assinar a declaração, mas não temos a mesma definição em relação à defesa das instituições, dos direitos humanos e da democracia”, afirmou.

Na segunda-feira, após reunião reservada com Maduro, Lula afirmou que a Venezuela vem sendo “vítima de uma narrativa de antidemocracia e do autoritarismo”. Ele também criticou que o país sofra sanções econômicas dos Estados Unidos e de países da Europa, que adotaram as medidas em retaliação ao regime de Maduro.

“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, reclamou Lula.

“Eu sempre acho que o bloqueio é pior do que uma guerra, porque na guerra, normalmente, morre soldado que está em batalha, mas o bloqueio mata crianças, mulheres, pessoas que não têm nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo“, completou o presidente.