Diretor-presidente da Corsan confirma saída, mas garante que mudança não afeta processo de privatização

Roberto Barbuti ocupa o cargo desde 2019 e ficará no cargo até o Governo do Estado definir seu sucessor

Roberto Barbuti ocupa o cargo desde 2019. Foto: Nádia Martins/Rádio Guaíba

Após quatro anos de gestão, o diretor-presidente da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Roberto Barbuti, anunciou, nesta segunda-feira, que vai deixar o cargo. Ele afirmou, contudo, que a medida não afeta o processo de privatização, e avaliou ter cumprido um ciclo que se encerrou com a venda, cuja efetivação segue emperrada judicialmente.

“Na minha avaliação a parte que me cabia está entregue. Tenho bastante confiança em tudo que foi feito. Agora, o que se tem é uma etapa de aprovação desse projeto [privatização] basicamente pelo TCE [Tribunal de Contas do Estado]. Há uma certa dúvida sobre a questão trabalhista, mas não é a minha área de expertise lidar com essas questões. O Estado dispõe de advogados e da PGE [Procuradoria-Geral do Estado], com total capacidade para seguirem adiante”, afirmou, nesta segunda-feira, durante cerimônia de prestação de contas. Barbuti admitiu, ainda, já ter uma proposta da iniciativa privada, mas não quis dar detalhes.

Para explicar o que ainda trava o repasse da Corsan à iniciativa privada, Barbuti chamou o procurador Juliano Heinen, integrante da PGE, que esclareceu que os impasses jurídicos envolvem temas bastante diferentes. “No Tribunal de Contas, o foco é no valor da empresa e, na questão trabalhista, é o pós-venda da empresa. Temos a convicção de que todos os elementos e informações necessárias foram enviadas à justiça do trabalho”, considera.

Barbuti afirmou que o nome do sucessor depende do governo do Estado e que o Piratini já está ciente da situação. O dirigente explica que vai ficar no cargo até que um substituto seja nomeado. “Tenho certeza que a companhia tem pessoas qualificadas para dar continuidade e o próprio governo, como acionista, está atuando para que se dê o encaminhamento da melhor forma e no menor prazo possível, mas sempre dentro daquela tranquilidade institucional que um processo dessa dimensão requer”, esclarece.

No cargo desde 2019, Barbuti destacou alguns feitos da gestão, como o investimento recorde de R$ 643 milhões em despesa de capital, apenas no exercício de 2022, o plano para universalização do saneamento até 2033, a validação desse plano pela assessoria Alvarez & Marsal, com previsão de investimento de mais de R$ 1 bilhão/ano. Ele também citou as premiações no PNQS (considerado o ‘Oscar do saneamento’), as parcerias para inovação com universidades, e o fato de a Corsan ter se tornado a primeira companhia de saneamento do mundo a aderir à Utilities for Climate (U4C), entre outras ações.

O secretário-adjunto do Meio-Ambiente e Infraestrutura, Marcelo Camardelli, que representou o governo do Estado na ocasião, agradeceu Barbuti pela dedicação ao trabalho e destacou os avanços trazidos aos municípios atendidos pela Corsan. “Nesses últimos quatro anos, tivemos alguns sucessos como a PPP da região Metropolitana e a conclusão da finalização da privatização da companhia. Todos esses processos tiveram um olhar muito cuidadoso do presidente, ao qual agradecemos”, afirmou.

Secretário-adjunto do Meio-Ambiente e Infraestrutura, Marcelo Camardelli, representou o Governo do Estado na ocasião. Foto: Nádia Martins/Rádio Guaíba

Assembleia vai ouvir conselheira-substituta do TCE e procurador-geral do MPC

Em paralelo, a Assembleia Legislativa também busca compreender os entraves da venda da Corsan ao consórcio Aegea, que arrematou a estatal em leilão em dezembro do ano passado, mas ainda não assumiu o controle da companhia.

Em reunião extraordinária, nesta segunda-feira, a Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa aprovou a convocação da conselheira-substituta do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RS), Ana Cristina Moraes, para uma audiência na quarta- feira, 31. Na semana passada, a Corte recusou aos deputados o acesso pleno dos processos sobre a privatização da Corsan.

A Comissão de Economia também aprovou convite ao procurador-Geral do Ministério Público de Contas do Rio Grande do Sul, Geraldo Da Camino, que já havia recomendado o levantamento do sigilo. O convite também é para a reunião da quarta-feira.