CPMI dos atos de 8 de janeiro elege Arthur Maia presidente e Eliziane Gama relatora

Comissão vai investigar planejamento dos ataques às sedes dos Três Poderes

Otto Alencar (direita) confirma acordo para Arthur Maia (esquerda) para presidir CPMI | Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

O Congresso instalou nesta quinta-feira, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, que vai investigar os ataques ocorridos às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro deste ano em Brasília. A primeira sessão do colegiado elegeu os cargos da mesa diretora. A Presidência ficou com o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), do grupo político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A relatoria ficou com a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), aliada do ministro da Justiça, Flávio Dino.

A primeira sessão da CPMI começou com bate-boca entre governo e oposição. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) apresentou questão de ordem contra o nome de Eliziane Gama para relatar os trabalhos do grupo. Ele argumentou que a senadora guarda proximidade com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que segundo ele também deve ter o nome investigado.

O presidente temporário do grupo até a eleição da mesa diretora, senador Otto Alencar (PSD-BA), acusou Do Val de tumultuar os trabalhos da CPMI e disparou que, apesar do histórico de policial do parlamentar, a comissão não vai ser tratada como “delegacia”.

A instalação da CPMI se arrastou durante meses. O requerimento do criação do grupo chegou ainda em fevereiro, mas a leitura do documento pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), só ocorreu em 26 de abril.

Nos últimos meses houve tentativas mútuas de governistas e oposicionistas de postergar as investigações diante de fatos que desgastaram tanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de atuar como mentor dos ataques às sedes dos Três Poderes.

Já o grupo do presidente teve que recuar após a queda do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GS), general Gonçalves Dias, flagrado no prédio do Planalto enquanto os ataques ocorriam, em 8 de janeiro.

Agora, o governo aproveita a maioria na CPMI para impedir que a oposição bolsonarista encampe a tese, sem provas, de que o Planalto agiu com conivência às manifestações golpistas com o suposto objetivo de se favorecer.

Parlamentares da base do presidente Lula no Congresso já discutem os nomes que pretendem convocar para depor na comissão. Deputados e senadores governistas também devem solicitar a quebra de sigilo bancário e telemático de Bolsonaro para identificar se ele atuou diretamente na organização dos ataques.