O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal investigue o deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) por suspeita de patrocínio e incentivo a atos extremistas após as eleições do ano passado. Por meio de nota, o deputado, que preside a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que trata das invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), nega envolvimento com os atos dizendo estar “tranquilo em relação à investigação”.
Zucco disse ter ficado surpreso ao saber, pela imprensa, que a PF havia permitido autorização ao Supremo para investigar as acusações. O deputado também reclamou do sensacionalismo de parte dos veículos de comunicação em “requentar uma pauta já esclarecida” no mesmo dia em que tiveram início os trabalhos da CPI.
Questionado sobre a possibilidade de ser investigado, ainda na manhã desta terça, durante o programa Agora, da Rádio Guaíba, o deputado disse que, em 8 de janeiro – quando os prédios dos Três Poderes foram vandalizados – esteve em um local com conexão ruim. Ele ainda atribuiu a denúncia a uma tentativa de instrumentalizar o Poder Judiciário.
“No dia 8, não só não estava em Brasília, como não estava em Porto Alegre. Eu estava com a família em um sítio da minha mãe, que nem internet direito pega. Então a gente tá vendo realmente movimentos querendo instrumentalizar o Judiciário, politicamente falando”.
A nota divulgada pela assessoria do deputado cita a existência de documentos e vídeos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul demonstrando não haver indício de envolvimento de Zucco com os atos antidemocráticos citados na ação. O parlamentar também alega estar certo de que a Polícia Federal vai verificar que ele não cometeu crime. O político também pôs a assessoria jurídica à disposição para prestar esclarecimentos à justiça.
O caso, que também envolve publicações de Zucco em redes sociais entre outubro e novembro de 2022, antes da posse na Câmara, chegou ao STF através do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), após um pedido do Ministério Público Federal (MPF), em razão do foro privilegiado do parlamentar.
Veja a nota oficial da assessoria do deputado:
“Fiquei surpreso ao saber pela imprensa da existência da solicitação de investigação encaminhada à Polícia Federal pelo Supremo Tribunal Federal.
A notícia de fato que embasa o pedido foi feita junto ao TRF-4 baseada em postagens feitas por mim em rede social nos meses de outubro e novembro de 2022. Como fui eleito deputado federal, o processo seguiu para o STF conforme determina a Constituição Federal.
Chama atenção, contudo, o sensacionalismo com que alguns veículos trataram do tema, passando a impressão de terem sido instrumentalizados para uma atuação política justamente em momento em que assumo a presidência da CPI do MST.
Trata-se de tentativa de “requentar” pauta já há muito esclarecida. Trata-se de tentativa de cercear o pleno exercício de minha atividade parlamentar, isso sim atitude daqueles que não possuem apreço pelo Estado Democrático de Direito.
Documentos e vídeos de domínio público da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul demonstram que não há qualquer indício de envolvimento meu com quaisquer atos atentatórios à democracia.
Estou tranquilo em relação à investigação e certo de que a Polícia Federal verificará que nenhuma crime houve assim como já observado pela autoridade policial do Rio Grande do Sul. Informo que minha assessoria jurídica se encontra à disposição da justiça para colaborar e esclarecer quaisquer pontos que se mostrem necessários.
Por fim, seguiremos firmes na missão de buscar todos os esclarecimentos sobre a escalada de invasões de propriedades privadas no âmbito da CPI do MST, bem como exercerei o mandato parlamentar outorgado pelo povo gaúcho com vigor, coragem e técnica, dentro do que preceitua a Constituição Federal.”