Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro responde a todas as perguntas sobre joias, revela PF

Tenente-coronel do Exército Mauro Cid depôs nesta segunda-feira por videoconferência

Foto: Alan Santos / PR

O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), depôs à Polícia Federal nesta segunda-feira e respondeu todas as perguntas feitas pelos investigadores sobre o caso das joias presenteadas pela Arábia Saudita. A Superintendência da Polícia Federal em São Paulo conduz a investigação. Mauro Cid falou por videoconferência.

O depoimento havia sido marcado para 3 de maio, dia em que ele acabou preso preventivamente na operação Venire — investigação sobre fraudes no sistema de vacinação do Ministério da Saúde. Por, isso o procedimento precisou ser remarcado.

Cid prestou o segundo interrogatório no mesmo inquérito. Ele já depôs, por cerca de três horas, no início do mês passado, quando confirmou que recebeu um pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar reaver as joias retidas pela Receita Federal.

Bolsonaro também já deu a versão dele. O ex-presidente alegou que acionou os auxiliares para evitar um suposto ‘vexame diplomático’ e que só ficou sabendo da existência das joias em 2022 — um ano após a apreensão no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O conjunto de colar, anel, par de brincos e relógio em ouro branco e diamantes da marca suíça Chopard, avaliado em R$ 16,5 milhões, havia sido um presente do governo da Arábia Saudita. Outros dois kits, com relógio, caneta, terço islâmico e abotoaduras, também vieram a público.

Uma comitiva do Ministério das Minas e Energia tentou entrar com joias no Brasil sem declarar os bens. A PF investiga uma suposta tentativa de burlar a lei que obriga a restituição dos presentes ao acervo da União. A investigação é conduzida pelo delegado Adalto Machado.

Na semana passada, Mauro Cid compareceu à sede da PF no Distrito Federal para depor, em outro inquérito, sobre um esquema de fraudes em certificados de vacina da Covid-19. Ele decidiu ficar em silêncio e não respondeu aos questionamentos dos investigadores.

Já Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa dele, depôs e atribuiu fraudes em cartão de vacina a Cid, sinalizando que ele pode assumir a culpa pelos crimes investigados na operação Venire, que também mira Bolsonaro.