Depoimento sugere que chefe da segurança do Planalto pode ter minimizado 8 de janeiro e pedido segurança menor

Ex-coordenador-geral de Segurança de Instalações repassou informação à PF

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dias antes dos ataques de 8 de janeiro em Brasília, o então chefe da segurança do Palácio do Planalto cogitou disponibilizar um número menor de servidores do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para proteger o prédio e chegou a desdenhar da força do movimento, que culminou com a invasão e a depredação do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

As informações foram reveladas pelo coronel André Luiz Garcia Furtado, ex-coordenador-geral de Segurança de Instalações do Departamento de Segurança Presidencial, em depoimento à Polícia Federal no inquérito sobre os atos de vandalismo.

Ex-secretário de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI, o general Carlos Feitosa Rodrigues disse, segundo o depoimento de Furtado, que as informações de uma possível manifestação no dia 8 de janeiro vinham sendo “superestimadas”. De acordo com ele, cabia ao Planalto se preparar para um evento de “baixa intensidade”, com presença de no máximo 2 mil pessoas.

Segundo Furtado, ao receber informações da Polícia Militar do DF sobre quais manifestações eram previstas em Brasília no fim de semana de 8 de janeiro, a Coordenação de Avaliações de Risco do GSI classificou o evento com um grau de criticidade laranja — o terceiro de quatro em uma escala de nível risco —, estimando um público de até 6 mil pessoas, com pautas de cunho radical.

Essa informação chegou ao general Feitosa, que teve uma avaliação diferente, de acordo com Furtado. À Polícia Federal, o coronel disse que “o general Carlos Feitosa avaliou as informações recebidas como superestimadas, colhidas em grupo de Whatsapp e fontes abertas”. Apesar disso, o GSI decidiu se preparar para 8 de janeiro segundo o grau de criticidade laranja.

Feitosa acabou exonerado da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, em fim de janeiro. Em depoimento dado ao GSI em um processo interno aberto para investigar a atuação dos servidores da pasta no dia dos atos de vandalismo, ele disse que o planejamento para a data “foi realizado pelo Departamento de Segurança no dia 6 de janeiro com base nas informações disponíveis naquele momento e não era do conhecimento do Departamento de Segurança qualquer tipo de manifestação violenta com invasão de prédios públicos”.

No depoimento, o general disse que o GSI não havia sido convidado para uma reunião realizada em 6 de janeiro pela Subsecretaria de Operações Integradas, da Secretaria de Segurança Pública do DF, com a presença de instituições como Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Legislativa e Polícia Judiciária, na qual o órgão alertou para a possibilidade de protestos com invasão e ocupação de órgãos públicos naquele fim de semana. Dessa forma, segundo ele, o GSI não se preparou para lidar com uma manifestação violenta.