Dia de Campo sobre sustentabilidade na pecuária recebe mais de 500 pessoas em Bagé

Com a participação de mais de 500 pessoas, a Embrapa Pecuária Sul realizou o Dia de Campo “A Pecuária em Sistemas Sustentáveis de Produção” na última terça-feira (16/05), na sede da instituição, em Bagé (RS). No evento foram apresentados quatro grandes linhas de pesquisa da Embrapa e as soluções tecnológicas desenvolvidas e disponíveis para o produtor que visam a intensificação da pecuária, com elevação da produtividade e ao mesmo tempo propiciando maior sustentabilidade aos diferentes sistemas de produção. O Dia de Campo contou com apoio da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), por meio do Programa Duas Safras, e patrocínio da Corteva.

Para o Chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso, o evento foi uma importante oportunidade para produtores, técnicos e estudantes conhecerem algumas tecnologias que já podem ser aplicadas no campo, com retorno produtivo, econômico e ambiental. “E a pecuária tem um papel extremamente importante para a sustentabilidade, seja com a intensificação da produção ou em sistemas integrados com lavouras ou florestas”, relatou. Já o coordenador do Programa Duas Safras, Rodrigo Rizzo, destacou o potencial do país na produção de alimentos e o papel da Embrapa como indutor desse crescimento por meio das tecnologias desenvolvidas. De acordo com o Chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sul, Gustavo Martins da Silva a presença de um grande número de pessoas ligadas à pecuária significa também um reflexo da forma com que a Embrapa vem trabalhando, desenvolvendo os projetos de pesquisa e inovação juntamente com parceiros do setor produtivo, o que proporciona uma interação constante e favorece à adoção das tecnologias pelos produtores.

Uma das estações apresentou diferentes cultivares desenvolvidas pela Embrapa de forrageiras e cereais de inverno. De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Daniel Montardo, as cultivares mostradas na vitrine no Dia de Campo aumentam as opções para o planejamento forrageiro, atendendo a diferentes necessidades dos sistemas de produção. A pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Andrea Mittelmann apresentou cultivares de azevém, como o BRS Ponteio, o BRS Integração e o BRS Estações, com diferentes ciclos e objetivos. Também da Clima Temperado, o analista Sérgio Bender mostrou forrageiras tropicais, com duas cultivares de panicum e duas de brachiaria, que mesmo desenvolvidos para outras regiões do país, tem se mostrado como opções para o sul. Por fim, o analista da Embrapa Trigo, Marcelo Klein, foi responsável por falar sobre cultivares de cereais de inverno, como trigo, aveia e cevada, que podem ser usados tanto para pastejo como para produção de grãos.

Em outra estação, intitulada Pasto 365: forragem o ano inteiro, foram tratadas as estratégias para melhorar e qualificar a nutrição dos animais, bem como alguns aspectos relacionados a sistemas integrados entre pecuária e lavoura. Segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Danilo Sant’Anna, tecnologias como o Pasto sobre Pasto visam aumentar a oferta de alimentos aos animais e ampliar o número de dias de pastejo em uma área, e também propiciam outros ganhos ambientais, como a aceleração dos processos de melhoria do solo.

Na mesma estação, o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Giovani Theisen apresentou resultados de mais de 10 de experimentos em integração lavoura e pecuária. Segundo ele, resultados mostram que com a utilização de animais na fase de pastagem ocorre uma melhora substancial dos solos, especialmente no incremento de matéria orgânica. Já o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Vinicius Lampert apresentou resultados financeiros do uso da cultivar de capim-sudão BRS Estribo. De acordo com Lampert, quando bem manejada, a pecuária em pastagens de verão pode ter lucratividade maior que lavouras no mesmo período.

O melhoramento genético animal foi outra linha de pesquisa destacada no Dia de Campo. O pesquisador Marcos Yokoo ressaltou a participação da Embrapa nos programas oficiais de melhoramento bovino, como o Promebo, o mais antigo do país e que atende a diferentes raças europeias, o PampaPlus, das raças Hereford e Braford e o Brangus+, cujos primeiros sumários serão lançados em breve. Yokoo também falou sobre o serviço de predição genômica, que possibilita maior precisão nas avaliações genéticas, exemplificando com o trabalho realizado com as raças Hereford e Braford para identificar animais mais resistentes ao carrapato e também mais adaptados aos trópicos.

Ainda nessa área, o analista da Embrapa Pecuária Sul, Roberto Collares, apresentou as provas de avaliação de desempenho que são realizadas há mais de 20 anos no centro de pesquisa. De acordo com Collares, estas provas servem para identificar reprodutores com genética superior para características de interesse quando submetidos a um mesmo ambiente e tratamento, como a Prova de Avaliação a Campo (PAC) e a Prova de Eficiência Alimentar (PEA). Já a pesquisadora Cristina Genro ressaltou a nova prova que vem sendo realizada na Embrapa, Prova de Emissão de Gases (RS), que visa identificar entre reprodutores jovens aqueles que emitem menos metano por quilo produzido. O melhoramento genético de ovinos também foi destacado no evento e, segundo o pesquisador Carlos Hoff de Souza, as pesquisas da Embrapa Pecuária Sul têm se concentrado em identificar genes que propiciam maior prolificidade nas ovelhas e também melhoria na conformação de carcaça, além da genética favorável ao pelecheamento e à maior resistência a verminoses.

A outra estação enfocou o controle de plantas indesejadas, com destaque para o caruru e o capim-annoni, espécies que vem trazendo prejuízos para lavouras e pecuária. A pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, Fabiane Lamego, ressaltou as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas para o combate ao caruru que vem se transformando em um grande problema para a cultura da soja depois que se tornou resistente ao principal herbicida utilizado. Segundo Fabiane, novas moléculas estão sendo testadas e algumas delas vêm demonstrado eficácia contra a espécie. Contudo, a pesquisadora destacou que as pesquisa com o uso das áreas com pecuária no inverno tem se mostrado eficiente para diminuir a presença do caruru nas lavouras, e por isso a integração lavoura-pecuária pode cumprir um papel muito importante neste controle.

Já o pesquisador Naylor Perez foi responsável por apresentar os trabalhos desenvolvidos para combater o capim-annoni, uma planta invasora que se espalhou pelos campos e pastagens da região Sul. Segundo Perez, para um efetivo combate é preciso aliar diferentes estratégias, como a aplicação seletiva de herbicidas, que pode ser feita pela máquina Campo Limpo, desenvolvida pela Embrapa e também com a enxada química, quando a infestação ainda é pequena. Além disso, o pesquisador salientou a necessidade de manter o campo natural ou pastagem plantada em boa quantidade e qualidade, por meio da fertilização e cuidados com manejo, impedindo assim a infestação desta planta invasora. “Sempre aconselhamos a prevenir para evitar que a infestação se alastre, seja com cuidados quando ainda há poucas plantas em uma área, ou impedindo sua chegada com ações como deixar novos animais em uma área de quarentena para não infestar a propriedade com sementes do annoni”.

Foto: Felipe Rosa