No mesmo dia que o prefeito Sebastião Melo anunciou Fernando Ritter como secretário municipal de Saúde, o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) e a Associação dos Servidores do Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre (ASHPS) alertaram, nesta sexta-feira. para os problemas de superlotação, falta de profissionais de saúde e estrutura precária para atender os pacientes do HPS. Conforme as entidades, o hospital convive há três semanas com uma rotina de lotação de leitos na emergência.
A presidente da ASHPS, Marília Iglesias, relata que o setor de emergência da sala amarela, que comporta 13 pacientes, já chegou a abrigar 42 pessoas. Por conta da demanda, muitos pacientes vêm aguardando por vagas nos corredores do HPS, sem acompanhamento médico. “O usuário do SUS é o único prejudicado, porque faltam pessoas para trabalhar. E os funcionários precisam lidar com a demanda espontânea da população de Viamão, Alvorada e Gravataí”, ressalta. Além da demanda excessiva, Marília observa que muitos funcionários extrapolaram a carga horária de trabalho.
Segundo Marília, alguns servidores chegaram a fazer 65 horas extras por mês. Pelos cálculos da ASPHS, atualmente há falta de 156 profissionais: 39 enfermeiros e 117 técnicos em enfermagem. “Muitos profissionais estão cansados”, alerta. Diretor Geral do Simpa, João Ezequiel Mendonça da Silva reforça que as entidades vêm relatando os problemas de estrutura para a direção do HPS. “Fizemos uma vistoria in loco e constatamos 38 pacientes em leitos na emergência espalhados pelos corredores, o que acaba expondo os próprios pacientes”, salienta.
“Somos favoráveis que o HPS mantenha as portas abertas e atenda a população, mas precisa de equipes para atender”, sustenta, acrescentando que o HPS deve adotar o mesmo procedimento de outros hospitais da capital e informar que está com lotação esgotada. Conforme Silva, um encontro com a direção do hospital durante a vistoria acirrou ainda mais os ânimos. “Tem concursos vigentes com aprovados aguardando nomeação. São técnicos em enfermagem, enfermeiros e enfermeiras, mas a prefeitura vai nomeando a conta gotas”, reclama.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que acompanha com preocupação a pressão assistencial vinda de municípios do interior e região Metropolitana para a capital. “Este movimento tem causado grande aumento nos atendimentos nas portas de urgência e emergência. O município tem ressaltado aos órgãos estaduais a necessidade de medidas locais para reduzir este impacto na capital”, completa a nota.