Em 15 anos, dobra número de pessoas com mais de 50 anos no mercado de trabalho, diz CNI

Contratação de trabalhadores 50+ cresce quase três vezes mais que estoque geral de emprego

Crédito: José Paulo Lacerda/CNI

O número de trabalhadores com mais de 50 anos no Brasil mais do que dobrou em 15 anos, passando de 4,4 milhões em 2006 para 9,3 milhões em 2021, um aumento de 110,6%. O estoque de emprego formal geral, nesse mesmo período, cresceu 38,6%, o que significa que o ritmo de crescimento dos 50+ é quase três vezes maior que o geral. No Rio Grande do Sul, eles representaram um crescimento de 95,3% entre os anos de 2006 e 2021.

Em 2006, os profissionais 50+ ocupavam 12,6% do total de vagas, passando em 2021 para 19,1%, o que representa um crescimento de 51,6% no estoque de emprego formal nessa década e meia.  Este é um dos resultados de um levantamento feito pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), revelando que o mercado de trabalho está seguindo uma tendência de envelhecimento da população.

“Essa é uma espécie de ‘mapa dos trabalhadores 50+ no Brasil’, importante para entendermos o impacto da transição demográfica no mercado de trabalho, o que vem ocorrendo de maneira acelerada. Outro dado que chama atenção é o maior aumento nas vagas para os níveis de maior escolaridade, o que comprova que quem parar de estudar vai ficar para trás”, alerta o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.

POPULAÇÃO

Ainda segundo Lucchesi, esse é um cenário que precisa ser considerado na elaboração e implementação de políticas educacionais e de emprego. “Requalificação é palavra-chave. Nos diferentes países, surgem iniciativas do governo, das empresas e de instituições de ensino, envolvendo estratégias para atualizar os profissionais ou mesmo recolocá-los no mercado”.

Nesse mesmo período, o número de brasileiros com mais de 50 anos aumentou 63,2%, indo de 34 milhões para 55,5 milhões. Em 2006, os 50+ eram 18,2% da população geral e, em 2021, esse percentual tinha subido para 26% – crescimento de 43% na participação. Apesar do crescimento do número de mulheres com mais de 50 anos ter sido maior que o dos homens, elas ainda são menos da metade dos trabalhadores (42,4%) dessa faixa etária.

O estudo revela que trabalhadores 50+ com maior nível de escolaridade têm mais espaço no mercado de trabalho. Dos postos ocupados por esse grupo, 38% são por pessoas com ensino médio completo e 24,6% com superior completo. O número de trabalhadores 50+ com mestrado e doutorado praticamente quintuplicou, indo de 26,4 mil profissionais para cerca de 150 mil.

SETORES 

Comércio (164%), Serviços (136%) e Indústria (96%) foram os setores que mais aumentaram, proporcionalmente, a contratação de pessoas com mais de 50 anos entre 2006 e 2020. Na indústria, porém, estão as maiores médias salariais. A indústria de transformação, em específico, duplicou a quantidade de trabalhadores 50+, indo de 506 mil para 1 milhão. Somando-se com a extrativa mineral, serviços industriais de utilidade pública e construção civil, a indústria chegou a 1,5 milhão de trabalhadores nessa faixa etária em 2020.

Avaliando o setor industrial em específico e as ocupações com maior número de trabalhadores 50+, destacam-se os Supervisores da construção civil no nível técnico e os Gerentes administrativos, financeiros, de riscos e afins no nível superior. Entre as 10 ocupações com maior estoque de emprego 50+, as maiores médias salariais são para Técnicos em eletricidade e eletrotécnica, com R$ 7.722,57, em nível técnico; e Diretores administrativos e financeiros, com R$ 24.168,12 no nível superior.

Metade dos trabalhadores com mais de 50 anos do país estão na região Sudeste, mas foram as regiões Norte e Centro-Oeste que tiveram maior aumento proporcional nas contratações desse grupo entre 2006 e 2021 – 129% e 132% respectivamente, enquanto a média nacional foi de 110,5%. Todos os estados do Nordeste e do Sudeste tiveram um ritmo de contratações de 50+ abaixo da média, com exceção do Maranhão, que aumentou em 139,4%, e de São Paulo, com 118,6%.