No Inter, Mano Menezes não é um simples técnico. Desde que desembarcou, é tido como um partícipe do projeto de futebol do clube, entendendo necessidades e limitações, principalmente financeiras. Compreende o momento e se coloca ao lado dos dirigentes, buscando a evolução apesar dos recursos limitados. Mas até ele, mesmo nesta condição, está sujeito à críticas e até pode perder o emprego, em uma situação mais drástica.
E hoje é possível afirmar que a permanência do treinador por mais tempo depende de uma reação imediata, que passa pelos próximos três compromissos: América Mineiro (amanhã, pela Copa do Brasil, no Independência), Grêmio (domingo, na Arena, pelo Brasileirão) e Metropolitanos (dia 25, em Caracas, pela Copa Libertadores). O presidente Alessandro Barcellos e o vice de futebol, Felipe Becker, deram entrevistas nas últimas semanas afastando a possibilidade de uma demissão de Mano. Porém, desde então, a crise se avolumou.
Ambos seguem confiando no trabalho e manifestam isso publicamente, mas outros dirigentes próximos aumentaram a pressão, principalmente após as últimas duas derrotas, para o Athletico-PR, em casa, e para o Atlético-MG, no Mineirão, ambas por 2 a 0.
A favor da permanência de Mano há alguns aspectos. Um deles é a preparação física, considerada um calcanhar de aquiles do time. O Inter até dominou os seus últimos adversários − com exceção do Atlético Mineiro −, mas desandou fisicamente e entregou os resultados na parte final dos jogos. Na última semana, Jean Carlo Lourenço, profissional que foi indicado pelo executivo William Thomas no final do ano passado, foi demitido, mas um outro ainda não foi trazido. Mais uma vez o Inter esbarra na condição financeira, mas isso não é culpa de Mano.
Além disso, o grupo do Inter ainda não está completo. Aránguiz não tem data para reestrear e, Enner Valencia sequer desembarcou em Porto Alegre. Contra o Athletico Paranaense, por exemplo, quando precisou do banco para tentar “resolver” o jogo, Mano teve que usar Thauan Lara, Igor Gomes, Gabriel Barros, Lucca e Estevão.
Na rodada seguinte, entraram Baralhas, Nico Hernández, Alemão, Lucca e Wanderson. Além disso, o retrospecto da atual diretoria na contratação de treinadores é muito ruim. Começou com o espanhol Miguel Ángel Ramírez, que ficou menos de 100 dias no cargo. Depois, ainda em junho de 2021, chegou Diego Aguirre, que completou aquela temporada.
No início de 2022, o Inter anunciou a contratação de Alexander Cacique Medina, uruguaio como seu antecessor, que também foi demitido após só 17 partidas. Em seu lugar, em abril do ano passado, o Inter anunciou Mano, que agora depende de resultados imediatos para se manter no cargo, já que a gordura acumulada, principalmente na campanha do Brasileirão do ano passado, acabou. Aos seus amigos, Mano diz que mantém a motivação e a crença na reversão do momento.