O ex-presidente Jair Bolsonaro terminou o depoimento à Polícia Federal (PF) na tarde desta terça-feira. Ele deixou o prédio pouco antes das 18h. Como mostrou o R7, o ex-chefe do Executivo afirmou aos agentes que não se vacinou contra a Covid-19 nem participou do esquema de fraude no cartão de vacinação no Ministério da Saúde.
Bolsonaro chegou à PF por volta das 13h30min, acompanhado dos advogados e do ex-secretário de Comunicação Social do governo anterior, Fábio Wajngarten.
O depoimento ocorreu dentro da Operação Venire, que investiga a atuação de uma suposta associação criminosa que, segundo a PF, inseria dados falsos de vacinação nos sistemas públicos do Ministério.
Bolsonaro era esperado para depor à PF no dia 3, mas a defesa alegou falta de acesso aos autos do inquérito.
O depoimento se dá no âmbito da Operação Venire, que investiga a atuação de uma associação criminosa que inseria dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde.
Em 3 de maio, a casa do ex-presidente, localizada em Brasília, virou alvo de busca e apreensão pela PF. Bolsonaro criticou a medida dizendo que objetivo era “esculachar” a imagem dele.
Prisões
No mesmo dia em que o ex-presidente teve a residência revistada, ex-assessores dele, como Sérgio Cordeiro e Max Guilherme, foram presos, assim como o ex-ajudante de ordens e tenente-coronel do Exército Mauro Cid. O advogado do militar, Rodrigo Roca, deixou o caso após alegar razões profissionais e familiares.
Roca mantém proximidade com a família do ex-presidente. Ele defendeu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas”, entre 2020 e 2021, e chefiou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), no Ministério da Justiça e Segurança Pública, durante o governo de Bolsonaro.
Estados Unidos
O R7 mostrou que um relatório produzido pela Polícia Federal revela que a equipe presidencial emitiu o último certificado de vacinação do ex-presidente cerca de duas horas antes de ele deixar o Brasil rumo aos Estados Unidos, no fim do ano passado. O documento, segundo a corporação, continha apenas registro da vacina da Janssen — as da Pfizer já haviam sido excluídas anteriormente. “Cerca de duas horas depois da emissão do último certificado, Mauro Cesar Cid e o ex-presidente da República Jair Bolsonaro viajaram de Brasília para a cidade de Orlando, nos Estados Unidos”, completa. O voo decolou por volta das 14h.
Investigação da PF
A investigação da Polícia Federal sobre o esquema de falsificação de registros de vacinação contra a Covid-19 apontou que Bolsonaro não esteve nas cidades indicadas nos dias em que, conforme os registros, recebeu os imunizantes. Foram emitidos, ao todo, quatro certificados de vacinação no nome do ex-presidente.
Os primeiros dois registros indicaram que ele havia se imunizado contra a Covid-19 três vezes: com a vacina da Janssen, de aplicação única, e com duas doses da vacina da Pfizer. Os dois últimos certificados continham apenas a dose da Janssen.