Ter um fundo para chamar de seu se tornou mais fácil para investidores de maior porte – seja pessoa física ou empresa – com o avanço de novas tecnologias e ferramentas para gestão financeira, reduzindo custo da operação. Os chamados Fundos exclusivos, onde não há cotistas e criados sob medida para um investidor individual ou empresa, se expandiram de forma acelerada nos últimos cinco anos, pelos menos. Entre 2018 e abril deste ano o número de fundos com este perfil aumentou 81%, passando de pouco mais de 3 mil para 5,5 mil, de acordo com levantamento realizado por Nelogica/Comdinheiro.
Ainda que viável atualmente apenas para investidores que possam realizar aportes significativos, com pelo menos dois dígitos e na casa dos milhões, explica Filipe Ferreira, diretor de Nelogica para Comdinheiro, a tendência é de que ano a ano realizar essas operações seja cada vez menos oneroso. E o estímulo para criação de Fundos exclusivos vem especialmente na esfera tributária. Estimulado, em boa parte, pelo benefício, o patrimônio acumulado em Fundos exclusivos soma R$ 2,19 bilhões até abril de 2023 – alta de quase 65% em relação a R$ 1,33 bilhão registrado em 2018.
“Se o investidor optar por ter um Fundo exclusivo fechado sobre ele não incide o come-cotas, tributo federal que antecipa a cobrança do Imposto de Renda cobrado nos fundos abertos. Com isso, o valor que iria periodicamente para quitar esse débito pode ser reaplicado pelo investidor do fundo exclusivo até o final da operação”, explica o executivo.
CUSTO DE CRIAÇÃO
A cada R$ 100 mil investido em um fundo aberto, por exemplo, o come-cotas engole 20% dos ganhos nos de curto prazo e 15% nos de longo prazo, o que reduz a capacidade de reinvestimentos. No fundo exclusivo esses percentuais ficam com o investidor até o resgate final, gerando novos ganhos, pondera o diretor de Nelogica. A redução no custo de criação de um fundo exclusivo, diz Ferreira, se deve à ferramentas que facilitam o controle de risco, adequações legais na CVM, registros, monitoramentos e outros processos e rotinas necessárias à gestão de um fundo.
“Nós mesmos, na Comdinheiro, temos sido mais demandados, ano a ano, para criação destes fundos por perfis diversos, mas nos chama a atenção o maior interesse de pessoas físicas por esse modelo”, ressalta Ferreira.
Com mais recursos tecnológicos, um analista sozinho consegue, atualmente, gerenciar mais de um fundo exclusivo ao mesmo tempo, fazer relatórios e analisar rentabilidade de mercado, reduzindo, assim, custos que se teria com uma equipe maior para fazer tudo isso, acrescenta o executivo.
“Um gestor pode, com tecnologia e habilidade, acompanhar mais de um fundo exclusivo sem perder eficiência se usar boas plataformas de controle e gestão, tornando esse mercado mais acessível a todos”, finaliza Ferreira.