Justiça aceita denúncia contra jogadores em escândalo de manipulação de partidas

Eduardo Bauermann, do Santos, e mais seis atletas viraram réus; MP pede ressarcimento de R$ 2 milhões

Foto: MONTAGEM R7/ DIVULGAÇÃO MPG

A Justiça aceitou nesta terça-feira a denúncia feita pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), contra um grupo criminoso que atuava para manipular jogos do campeonato brasileiro das séries A e B.

Na segunda fase da Operação Penalidade Máxima, 16 pessoas foram denunciadas, entre elas Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos, e outros jogadores, como os zagueiros Victor Ramos e Paulo Miranda.

Além de manter a prisão preventiva de Bruno Lopez, apontado como “líder no núcleo de apostadores”, Thiago Andrade e Romário Hugo dos Santos, conhecido como “Romarinho” e acusado de ser o “aliciador de jogadores profissionais em prol do grupo criminoso”, a justiça aceitou a denúncia contra sete jogadores, acusados de envolvimento no caso.

Confira os jogadores que viraram réus na ação
Eduardo Bauermann (Santos)

Victor Ramos (Chapecoense) — na época, jogando pela Portuguesa

Gabriel Tota (Ypiranga-RS) — na época, jogando pelo Juventude

Igor Cárius (Sport) — na época, jogando pelo Cuiabá

Paulo Miranda (S/clube) — na época, jogando pelo Juventude

Fernando Neto (São Bernardo) — na época, jogando pelo Operário-PR

Matheus Gomes (Sergipe)

Além dos jogadores, mais nove pessoas, apontadas como participantes dos esquemas de apostas vão responder a processo: Bruno Lopez de Moura, Ícaro Fernando Calixto dos Santos, Luís Felipe Rodrigues de Castro, Victor Yamasaki Fernandes, Zildo Peixoto Neto, Romário Hugo dos Santos, William de Oliveira, Pedro Gama dos Santos Junior e Thiago Chambó Andrade.

Os crimes e as possíveis penas
Com exceção de Romário, autuado por organização criminosa (Lei n°12.850), os outros denunciados foram enquadrados em artigos do Estatuto do Torcedor.

Art. 41-C. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado.

Art. 41-D. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva ou evento a ela associado.

Em ambos os casos, a pena estipulada é de dois a seis anos de prisão, além de pagamento de multa.

Confira todos os jogos sob suspeita de manipulação

PALMEIRAS X JUVENTUDE — Brasileirão série A
JUVENTUDE X FORTALEZA — Brasileirão série A
GOIÁS X JUVENTUDE — Brasileirão série A
CEARÁ X CUIABÁ — Brasileirão série A
SPORT X OPERÁRIO/PR — Brasileirão série B
RED BULL BRAGANTINO X AMÉRICA-MG — Brasileirão série A
SANTOS X AVAÍ — Brasileirão série A
BOTAFOGO X SANTOS — Brasileirão série A
PALMEIRAS X CUIABÁ — Brasileirão série A

Jogos suspeitos de 2023

GUARANI X PORTUGUESA/SP — Campeonato Paulista
RED BULL BRAGANTINO X PORTUGUESA — Campeonato Paulista
BENTO GONÇALVES X NOVO HAMBURGO — Campeonato Gaúcho
CAXIAS X SÃO LUIZ/RS — Campeonato Gaúcho

Na denúncia, o MP de Goiás também pede que todos os denunciados paguem, em grupo, um valor mínimo de R$ 2 milhões para reparar o dano moral coletivo.

“O parâmetro utilizado para a definição do valor refere-se a uma das expectativas de lucro do grupo criminoso com a utilização de dezenas de contas que foram empregadas nas apostas manipuladas descritas na denúncia”, detalha o órgão.

Grupo aliciava atletas pelo WhatsApp

Nos autos do processo, são apresentadas capturas de telas mostrando conversas entre a quadrilha, formada por apostadores e aliciadores de atletas, coagindo jogadores de futebol a manipularem ações durante os jogos para gerar lucros em apostas feitas em sites de aposta.

As propostas chegavam até o montante de R$ 500 mil, como no caso do jogador Fernando Neto, na época atuando pelo Operário-PR, que aceitou a oferta para ser expulso no primeiro tempo de jogo contra o Sport.

Apesar disso, o atleta acabou não sendo expulso durante a partida, mas se justificou para Bruno Lopez, um dos denunciados apontado como líder do grupo.

Nos autos do MP, que contém mais de 110 páginas, há uma série de capturas de tela de conversas particulares trocadas entre a quadrilha e também entre apostadores e jogadores.

Em uma conversa entre Luis Felipe e Kevin Lomónaco, do Bragantino, o apostador chega a oferecer R$ 70 mil para o jogador argentino, afirmando que o grupo fazia o mesmo “com vários jogadores da série A”, inclusive dizendo que mantém contato com outro jogador do clube.

Na sequência das prints, é possível ver o nome de outros jogadores da Série A nas apostas feitas nos sites e também sendo citados pelos apostadores, que ainda não foram denunciados.