Estudo indica que envelhecimento da população gaúcha tem alta de 74% em 11 anos

Dados apontam para avanço na proporção de idosos e o impacto da covid-19 entre as principais causas de mortes

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A perspectiva é que em 2060 para cada cem moradores do Rio Grande do Sul com menos de 15 anos haja 207 pessoas com 65 anos ou mais. Foto: André Ávila / CP Memória

Dados trazidos pelo estudo População Idosa do RS revelam que entre os anos de 2010 e 2021, o índice que mede o envelhecimento da população gaúcha apresentou crescimento de 74%. Em 2010, para cada cem pessoas com até 15 anos, viviam 43 habitantes com 65 anos ou mais no Estado. Já em 2021, a proporção passou a ser de 75 habitantes. A perspectiva é que em 2060 para cada cem moradores do Rio Grande do Sul com menos de 15 anos haja 207 pessoas com 65 anos ou mais.

O estudo, realizado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, também mostrou que a idade mediana da população do Estado passou de 32,66 anos em 2010 para 37,10 em 2021. Esse número deve alcançar os 47,89 anos em 2060. No Brasil, a idade mediana passou de 29,20 anos em 2010 para 33,81 em 2021 e deve chegar a 45,62 em 2060.

O material teve como fonte dados provenientes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do próprio DEE, do Departamento de Informática do SUS (DataSUS) – vinculado ao Ministério da Saúde – e da Secretaria da Saúde (SES) do Rio Grande do Sul. Os números mostram que enquanto a população em geral do Estado apresentou crescimento de 5,1% no período analisado (passando de 10,91 para 11,47 milhões de pessoas), a população idosa teve alta de 50% (passando de 1,48 milhões para 2,22 milhões de pessoas). Em 2021, as pessoas com 60 anos ou mais representavam 19,4% do total do Estado (13,6% em 2010) e os habitantes de 0 a 14 anos eram 18,1% (21,4% em 2010).

Em relação à expectativa de vida da população do Rio Grande do Sul de 60 a 64 anos, enquanto em 2010 era estimado que os homens dessa faixa etária vivessem mais 19,66 anos, e as mulheres, 23,75 anos, em 2021 a estimativa saltou para 21,37 anos para os homens e 25,64 anos para as mulheres. Na contramão da alta na expectativa de vida, o número de filhos por mulher estava estimada em 1,68 em 2021, abaixo do nível de reposição da população, de aproximadamente 2,1 filhos por mulher.

“Essa combinação de fatores faz com que exista um crescente envelhecimento da população, impactando a necessidade de políticas públicas dedicadas a esse segmento populacional nos mais variados aspectos, como as condições de saúde, lazer e equipamentos urbanos, por exemplo”, ressalta a pesquisadora Marilene Dias Bandeira, que coordenou o estudo.

Faixa etária

Considerando a distribuição da população idosa por faixa etária no RS, houve um incremento da proporção das pessoas com 80 anos ou mais, passando de 13,8% do total em 2010 para 15,3% em 2021. A faixa etária de 60 a 64 anos teve uma queda na participação, de 31,9% no primeiro ano avaliado para 29,7% em 2021.

Na distribuição por sexo, o estudo mostra uma predominância da presença de mulheres entre os idosos. Na faixa entre 60 e 64 anos, para cada cem pessoas do sexo feminino, o número de homens é de 87,6 – proporção que permaneceu inalterada entre 2010 e 2021. Com o avançar da idade, a presença masculina vai caindo, chegando ao menor patamar na faixa etária de 80 anos ou mais, em que para cada cem mulheres viviam 54,8 homens no Rio Grande do Sul em 2021 – pequena alta na comparação com 2010, quando a proporção era de 50,5 homens para cada cem mulheres.

Indicadores de mortalidade

Em 2021, dos 117.158 óbitos no Estado, 87.017 foram de pessoas de 60 anos ou mais, o que representa 74,3% do total. Impactada pela pandemia, a taxa de mortalidade de idosos passou de 32,5 óbitos a cada mil pessoas em 2019 para 39,2 por mil em 2021. A taxa é maior entre os idosos do sexo masculino (45,2 por mil) do que entre as mulheres da mesma faixa etária (34,6 por mil).

Dentre as causas das mortes da população com 60 anos ou mais, as doenças infecciosas e parasitárias (que incluem as mortes por covid-19) ficaram no topo do ranking em 2021, representando 23,9% do total. A seguir, estão as doenças do aparelho circulatório (23,1%), neoplasias (17,5%) e doenças do aparelho respiratório (8,6%). Em 2010, as doenças infecciosas e parasitárias representavam 2,3% das causas das mortes, enquanto as doenças do aparelho circulatório eram 36% do total.

O estudo dá destaque às mortes da população com 60 anos ou mais provocadas por causas externas, em decorrência, por exemplo, de acidentes, homicídios, suicídios e quedas – que, em 2021, vitimaram 2.426 idosos, sendo 1.488 homens e 937 mulheres. Os óbitos em função de quedas representaram 42% do total (1.018 mortes); já os suicídios, 19% (461 mortes). Na comparação com 2010, os óbitos por queda tiveram aumento de 181,2%, seguido de acréscimo de 88,2% nos suicídios.