Greve de metroviários: segunda de trens mais cheios e movimento próximo da normalidade

Composições circularam em intervalos de 20 minutos desde o início do dia

Foto: Guilherme Almeida/CP

A paralisação dos metroviários, previamente agendada pelo sindicato da categoria para 24 horas, não atingiu a totalidade do serviço, nessa manhã, depois que a Trensurb obteve um mandado junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) impedindo a invasão da via pelos trabalhadores e o bloqueio ou liberação de catracas ao longo desta segunda-feira.

Em vez de parar totalmente, os trens circularam com intervalos de 20 minutos nas estações, o que causou reflexos no horário de pico no período da manhã. Nesta terça, o serviço volta ao normal. Trens ficaram mais cheios, mas não houve lotação. Os terminais abriram dentro de certa normalidade, enquanto a movimentação de passageiros se manteve próxima do habitual. Na manhã de hoje, o diretor de Administração e Finanças, Geraldo Luis Felippe, esteve novamente na sede do TRT4 para discutir o futuro da paralisação.

Empresas de ônibus foram autorizadas a reforçar o serviço nesta segunda-feira. Na avaliação da Metroplan, estatal reguladora do transporte coletivo intermunicipal na região Metropolitana, com os coletivos circulando com mais frequência para os mesmos destinos, para dar conta da eventual demanda, as paradas esvaziaram mais rapidamente.

Comércios não abriram as portas em estações
Junto à sede da Trensurb, no bairro Humaitá, zona Norte de Porto Alegre, representantes do Sindimetrô RS e outros sindicatos protestaram com um carro de som e palavras de ordem contra a privatização e demais demandas que originaram a paralisação.

Se o movimento de pessoas ficou relativamente próximo da normalidade, o mesmo não se pôde dizer dos comércios dentro das estações, alguns dos quais não abriram.

Reforço da BM justificado pela “possibilidade de confronto”, disse Trensurb
A Força Tática e o Choque do 11º Batalhão de Polícia Militar (11º BPM), com, pelo menos, cinco viaturas, estiveram no local, acompanhando a manifestação de cerca de 50 pessoas, que encerrou pacífica. Os manifestantes ficaram concentrados na área desde a noite de domingo. Segundo o diretor-presidente da Trensurb, Pedro Bisch Neto, a presença massiva da Brigada Militar se justificou, primeiramente, pela própria autorização do uso da força, caso necessário, concedida pelo TRT4, e ainda possibilidade de confronto. A Trensurb pediu ainda o reforço da BM e guardas municipais junto às estações.

“Já houve, inclusive, depredação, incêndio, invasões da via. Temos um conhecimento grande sobre estes assuntos. Sabemos como uma greve começa, mas como ela se desenvolve e termina nunca temos certeza”, comentou Neto. No começo da manhã, o presidente do Sindimetrô RS, Luiz Henrique Chagas, disse que a adesão era de 85% dos servidores, e, em alguns setores, chegou a mais de 90%.

Segundo Chagas, a reunião de Felippe com o TRT4 pode dar fim à greve durante o dia, mesmo sem necessidade de aguardar o prazo de 24 horas previamente estabelecido. “Se a Trensurb atender nossas demandas, encerramos imediatamente”, chegou a afirmar.

Bisch Neto negou os percentuais de adesão à paralisação, e afirmou que a manifestação ficou mais restrita à equipe de segurança operacional, cujo adicional salarial de risco de vida a Trensurb retirou, segundo o sindicato. “A Justiça já pediu que estes descontos fossem suspensos até o julgamento do mérito, e estamos fazendo”, comentou o diretor-presidente.

Outra argumentação do sindicato era a retirada da Trensurb do Programa Nacional de Desestatização (PND), promessa não cumprida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia prometido eliminar o projeto. Segundo Neto, a Trensurb em si não decide sobre o assunto. “Não sei dizer como será futuramente, porque é uma decisão do governo. Agora, o serviço é público por sua própria natureza. O fato de ser estatal ou concedido é um detalhe operacional. Apenas prestamos todas as informações às consultorias contratadas pelo BNDES, e inclusive a Trensurb foi a empresa mais adimplente em todos os dados solicitados”, afirmou ele.