O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), confirmou a escolha do secretário-executivo da Pasta, Gabriel Galípolo, para a indicação à Diretoria de Política Monetária do Banco Central.
O nome do braço direito de Haddad já era cotado para ocupar uma das vagas de direção da instituição financeira e deve servir como um termômetro para avaliar a reação do mercado e do governo.
Isso porque Haddad estuda um substituto para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já que o mandato dura apenas até o fim de 2024. Galípolo é uma possibilidade e já teve o nome apontado, anteriormente, como um possível sucessor de Campos Neto.
Ao confirmar o nome, Haddad afastou a existência de um embate entre Galípolo e Campos Neto e revelou ter sido o próprio presidente do BC o primeiro a mencionar a possibilidade de o então secretário-executivo ocupar uma vaga na instituição monetária.
“Estamos procurando entrosamento, no sentido de emitir uma coordenação maior das políticas fiscal e monetária, integrar mais e dar uma perspectiva uniforme, com direcionamento único”, disse o ministro.
Na diretoria de Política Monetária, Galípolo vai ter destaque no debate sobre a taxa básica de juros, a Selic, durante as reuniões do Comitê de Políticas Monetárias (Copom). O tema é caro ao governo federal, que vem pressionando o banco para uma diminuição da taxa, mantida em 13,75%.
No lugar de Galípolo, no Ministério da Fazenda, fica Dario Durigan, diretor de políticas públicas do WhatsApp e que atuou como assessor especial de Haddad na Prefeitura de São Paulo.
O governo também decidiu indicar para a vaga na Diretoria de Fiscalização o servidor Ailton Aquino dos Santos, auditor-chefe do Banco Central. Tanto ele quanto Galípolo terão direito a voto no Copom, que se reúne a cada 45 dias para decidir os rumos da Selic.
O governo federal é responsável pela indicação dos diretores e do presidente do Banco Central, mas a nomeação não é automática. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado realiza uma sabatina com os indicados, e depois os nomes vão para o plenário da Casa, para o aval dos senadores.
Os mandatos são de quatro anos e, no caso do líder maior do BC, só termina no meio do mandato de cada novo presidente da República eleito, como uma estratégia para garantir a autonomia da instituição monetária.
Críticas ao BC
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não esconde descontentamento com o atual presidente da instituição. Em viagem ao Reino Unido, Lula voltou a criticar Campos Neto, ao afirmar que ele “não tem compromisso com o Brasil”, mas sim com o governo anterior, em referência à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, “que o indicou”.
Na quarta-feira passada, mesmo sob pressão do governo federal pela redução da Selic, o Copom manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. É a sexta vez seguida que a taxa é mantida nesse patamar, o maior desde o início de 2017.