Horizonte da taxa de juros depende do cenário econômico de desinflação, diz Copom

A decisão de manter a taxa de juros em 13,75% ao ano fica mantida até junho

O resultado foi o esperado pelo mercado financeiro. Mesmo pressionado por integrantes do governo Federal, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou no final da tarde desta quarta-feira, manter a taxa básica de juros da economia brasileira em 13,75% ao ano. É a sexta reunião seguida que o juro é mantido nesse patamar, o maior desde o início de 2017.

A decisão fica mantida até o próximo encontro, em 45 dias, quando haverá nova reunião para avaliar a conjuntura econômica nacional. Entretanto, os sinais emitidos são de que o próximo encontro poderá trazer mudanças. “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, enfatiza a ata.

Para Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank, fintech de transações internacionais, ao longo dos próximos meses, é importante acompanhar a tramitação no Congresso do projeto do arcabouço fiscal e quais medidas serão tomadas para se chegar a um resultado primário equilibrado em 2024, o que poderia contribuir não só para uma queda adicional dos prêmios de risco, como também para um melhor comportamento das expectativas de inflação.

CRÍTICAS EMPRESARIAIS

Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, a decisão do Copom não surpreendeu pois, mesmo que a inflação tenha cedido em março, os núcleos continuam muito pressionados, refletindo uma economia bastante resiliente. O dirigente entende que, apesar do governo ter lançado a proposta de Arcabouço Fiscal, ainda pairam muitas dúvidas a respeito da evolução das contas públicas, o que pressiona a razão dívida/PIB no médio e longo prazo.

“Como temos afirmado recorrentemente, enquanto não fizermos nosso dever de casa, com o governo se comprometendo com uma trajetória sustentável da dívida pública mediante, especialmente, de um maior controle das despesas públicas, pressões para baixar os juros na canetada e críticas ao Banco Central só aumentam o risco desse patamar elevado de juros seguir alto, punindo fortemente a atividade empreendedora”, diz Bohn.

Para o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, mesmo com a redução observada no acumulado em 12 meses, alguns aspectos da inflação continuam a trazer apreensão, como os núcleos ainda muito acima da meta estabelecida pelo Banco Central. Petry afirma que a atividade econômica e o mercado de crédito ainda sofrem com os efeitos dos juros altos, trazendo desafios para a indústria nacional já tão penalizada.

“Esperamos que o governo e o Congresso façam ajustes no texto da nova regra fiscal, de modo a permitir que o Banco Central inicie o ciclo de redução da taxa o quanto antes. Os juros precisam baixar, o custo para as empresas está muito elevado para tomar capital de giro, empresas estão tendo problemas no Brasil com o crédito retraído e os bancos mais seletivos”, finaliza Gilberto Porcello Petry.