Semana mais curta na economia coloca foco na reunião do Copom

Encontro de terça e quarta-feira deve mantetr taxa de juros em 13,75% ao ano

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O mês de maio inicia nesta segunda-feira, 1º, já com semana mais curta pelo feriado do Dia do Trabalho, com a Bolsa brasileira fechada, sem operações oficiais de câmbio e o adiamento para a terça-feira, 2, da divulgação do tradicional relatório Focus, do Banco Central, com as projeções semanais para a economia. Mas nem por isso sem emoções. Pelo contrário, a reunião terceira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, nesta terça e quarta-feira, 3, vai dar o tom da agitação do mercado financeiro.

O governo tem pressionado de todas as formas, e insistentemente, o Banco Central a baixar os juros para estimular a economia e criou um embate direto com Roberto Campos Neto, presidente da instituição. Na semana passada durante reunião no Senado Federal, que teve a participação do ministro da Economia, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, o dirigente chegou a afirmar que os núcleos da inflação continuam elevados e cortes na Selic devem ser feitos de maneira responsável.

Se este foi um sinal, o Copom manterá os juros inalterados mais uma vez, o que é um sentimento de analistas do mercado financeiro nos atuais 13,75% ao ano e, portanto, de olho na manutenção da meta da inflação no horizonte.

Um ponto importante será entender o que a ata do Copom vai sinalizar. Isto porque poderá indicar ainda preocupações com evolução da dívida pública e piora nas perspectivas da inflação nos horizontes mais longos. Em contraponto, pelo menos nos Estados Unidos e Ásia, há uma desaceleração das taxas de inflação mesmo que mantida a preocupação com a desaceleração da economia global e os resultados corporativos.

A taxa de juros brasileira tem seu maior patamar desde 2017, escalada iniciada em agosto passado. No foco do Copom, justificam analistas, a busca por garantir que a inflação caia até o final de 2023 em direção à meta de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual, conforme definido pelo Comitê Monetário Nacional (CMN). O conselho, aliás, é formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet.

JUROS LÁ FORA

Caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumente a meta de inflação, sugestão que vem sendo insistentemente defendida, deixaria o Copom sem argumentos para manter os juros em um nível alto. Entretanto, Campos Neto argumenta que isso pode levar a um afrouxamento monetário prematuro, com o que concordam economistas ao projetar para um corte de juros em agosto ou setembro.

No cenário político, a Câmara dos Deputados tem em sua agenda o início da avaliação do arcabouço fiscal, enquanto no âmbito jurídico o Supremo Tribunal Federal deve julgar a tributação de benefícios fiscais do ICMS.

O Banco Central dos Estados Unidos também tem uma semana decisiva para a taxa de juros do país. O Comitê de Mercado Aberto (Fomc) inicia a reunião na terça-feira, e depois de quarta-feira virá o tradicional discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell com o cenário projetado. Há uma tendência de a maioria dos analistas norte-americanos apostarem que os juros americanos serão elevados mais uma vez, em 25 pontos-base, para o intervalo entre 5% e 5,25%.

No velho continente será a vez do Banco Central Europeu, na quinta-feira, 4, sinalizarem os passos da política monetária da zona do Euro. O consenso aponta para mais elevação na taxa, também em 25 pontos-base, o que já deverá refletir os índices de inflação ao consumidor do bloco que serão divulgados na terça-feira, 2.

O calendário corporativo da próxima semana vai estar bastante movimentado. Nos Estados Unidos, a temporada de balanços chega ao pico, enquanto a do Brasil ganha um pouco mais de força.

DADOS CORPORATIVOS

A semana reserva ainda dados financeiros de companhias como Microsoft, Meta, Alphabet e Amazon que, na expectativa prévia, devem surpreender positivamente os investidores. Ao contrário, na quinta-feira a Apple deverá divulgar resultados que retratem uma desaceleração no crescimento da fabricante do iPhone. No Brasil, o período também será recheado de indicadores de empresas, com destaques para a Embraer, Ambev, Bradesco, Carrefour, Iguatemi, Gerdau, Marcopolo, Renner, Quero-Quero, e Brasken, entre outros.