O prédio histórico localizado na esquina das ruas General Câmara e Andrade Neves, no centro de Porto Alegre, vai se transformar em anexo da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (BPE), que fica na mesma quadra. Uma comitiva da Secretaria da Cultura (Sedac), liderada pela secretária Beatriz Araujo, realizou uma visita técnica, nesta terça, para avaliação do prédio. O imóvel, até 2017, servia como moradia para dezenas de famílias da Ocupação Lanceiros Negros, removidas do local mediante reintegração de posse com o uso de força policial.
A gestão do prédio, que tinha como destino inicial a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), vai ser transferida do Departamento de Administração do Patrimônio do Estado (Deape) para a Sedac. Após a finalização desses trâmites, vai passar então a funcionar como anexo da Biblioteca.
“Aos 152 anos, a Biblioteca Pública do Estado vive um momento de grande renovação em sua estrutura. Estamos trabalhando para que o valioso patrimônio cultural que a instituição abriga esteja cada vez mais acessível para o público”, explicou a secretária Beatriz. De acordo com ela, o anexo vai ser “um espaço de inclusão e de acolhimento, a serviço da educação e da cultura”.
O diretor do Departamento de Memória e Patrimônio da Sedac, Eduardo Hahn, disse que a Secretaria estuda a possibilidade de realizar um concurso público, com o auxílio do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a fim de selecionar um projeto arquitetônico para a obra de revitalização e readequação do prédio. A falta de segurança estrutural era um dos motivos alegados pelo governo estadual, em 2017, para fundamentar, judicialmente, a retiradas das famílias do edifício.
Conforme o diretor do Departamento de Livro, Leitura e Literatura da Sedac, Benhur Bortolotto, o espaço vai receber as obras contemporâneas da BPE, além de sediar os departamentos de empréstimos, consultas, acessibilidade digital e formação. As obras do acervo e o mobiliário antigo permanecerão no prédio histórico da rua Riachuelo, que também vai ser utilizado para eventos, a partir da ocupação do anexo.
Ocupado pelo movimento Lanceiros Negros em novembro de 2015, o prédio havia ficado dez anos vazio. A operação de reintegração de posse repercutiu mal e levou as autoridades de Segurança a repensar as estratégias em situações do tipo. Um ano após a retirada das famílias, a EGR informou, em 2018, que os valores para a reforma permaneciam em aberto, e que o plano era custear as obras com recursos próprios, dos pedágios operados pela empresa. No entanto, já em março de 2019, o governador Eduardo Leite anunciou o plano de extinção da estatal – o que até hoje não se concretizou por completo.