IBGE quer mobilizar moradores de maior poder aquisitivo para responder ao Censo

Média nacional de pessoas que não responderam a pesquisa é de 5,5%, considerado um índice alto

Foto: Guilherme Almeida

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deflagrou em todo o país neste sábado a Ação de Mobilização do Censo em Áreas de Alta Renda, visando sensibilizar os moradores de maior poder aquisitivo sobre a importância de responder ao Censo Demográfico 2022. Em Porto Alegre, a campanha ocorreu na praça Simão Arnt (antiga Praça da Encol) entre 10h e 12h. Houve a distribuição de panfletos voltados à conscientização dos moradores da região.

Segundo o coordenador operacional do Censo no Rio Grande do Sul, Luís Eduardo Puchalski, a média nacional de pessoas que não responderam a pesquisa é de 5,5%, considerado um índice alto. “A gente precisa ficar abaixo de 5% para poder fazer o tratamento estatístico”, esclareceu.

Como alternativa ao problema, o IBGE lançou a partir de agora uma facilidade para responder à pesquisa. Através dos telefones 0800-7218181 ou 137, o morador liga, fala que não foi recenseado e informava o domicílio, recebendo então um ticket eletrônico caso o imóvel esteja cadastrado. “Ele vai acessar e responder o questionário pela internet. Não precisa nem recenseador mais”, destacou. “A pessoa vai receber esse ticket através do celular ou por e-mail e vai acessar um link para responder o questionário sem precisar contar com ajuda de um recenseador”, complementou.

Ele explicou que o período de coleta do censo começou em agosto de 2022 e ocorreu no final de fevereiro deste ano. “A partir de março a gente começou uma nova etapa, que é a apuração de dados”, afirmou. “Aí a gente percebe que, em algumas áreas do território, é preciso melhorar a coleta um pouco mais para ter mais qualidade nesse trabalho de imputação”, disse.

Entre as 20 áreas que o IBGE dividiu a cidade para a realização do censo foi constatado então que a região de bairros nobres, como Bela Vista, Moinhos de Vento e Mont Serrat, entre outros, teve uma taxa de não resposta acima de 5%. “A gente precisa então coletar um pouco mais”, frisou, justificando assim a campanha realizada na manhã deste sábado. “Então a gente tá fazendo esse apelo”, justificou.

“A população que mora nessas áreas de condomínios de alta renda estão recusando muitas vezes a responder, mas pode ser até um problema do condomínio, que cria uma série de regras que dificulta o trabalho do recenseador”, supôs. Ele citou, como exemplo, o síndico que pede para o recenseador ficar no salão de festas do prédio e aguardar se algum morador passa por perto e proíbe ainda o uso do interfone.

Luís Eduardo Puchalski observou também que não existe estudo que comprove se os moradores de alto poder aquisitivo estão se recusando deliberadamente em atender os recenseadores, mas faz questão de lembrar que o IBGE é uma instituição de Estado e não de um governo, independente de partido. “As pessoas muitas vezes não compreendem dessa forma”, reconheceu.

A expectativa dele é de que uma divulgação preliminar do Censo 2022 ocorra em junho deste ano. “O primeiro grande objetivo do Censo é contar a população e saber como ela se distribui pelo território. Isso é muito importante porque na hora de você repassar, por exemplo, recursos da União, para os municípios. Ele é fundamental para planejar as políticas públicas”, concluiu.