“Tudo é possível”, declara Zema sobre aliança com Leite em 2026

Em visita ao RS, governador de MG falou sobre próxima eleição, permanência no Novo e avaliou governo Lula

Foto: Divulgação/Agência MG

Em passagem por Porto Alegre, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), evitou colocar o nome no rol de presidenciáveis para 2026, embora também não tenha descartado ao dizer que prefere apoiar um nome do campo mais à direita. Elogiando a gestão de Eduardo Leite (PSDB) à frente do Piratini, o mineiro também não rechaçou uma eventual “dobradinha” com o tucano, apesar de ver definições como distantes e garantir foco no segundo mandato, bem como a permanência no Novo.

“Espero que nós da direita encontremos um bom nome, ao qual darei total apoio, assim como fiz com o ex-presidente [Jair Bolsonaro]. Prefiro que tenhamos um nome. Se esse nome vier a ser eu, vamos ter de avaliar. Mas prefiro apoiar um terceiro. Não nego porque acho que o Brasil precisa de uma nova leva de gestores públicos, mas não faço nenhuma campanha e me nego a ser candidato. Meu foco é Minas Gerais”, afirmou ao Correio do Povo, após conceder entrevista à Rádio Guaíba.

Sobre Leite, que também evita projetar cenários para o próximo pleito ao Planalto – mas é um nome em potencial –, Zema destacou alinhamento com o gaúcho e demais governadores do Sul e do Sudeste. “Falo que os governadores do Sul e Sudeste têm um alinhamento muito grande. Mas isso vai envolver partidos. Ele [Leite] tem feito uma gestão responsável no Rio Grande do Sul, tanto é que foi reeleito, com toda certeza pode ser um nome a ser considerado sim.”

Quando questionado sobre a possibilidade de uma chapa majoritária com o tucano, Zema não descartou. “Tudo é possível, mas isso está muito distante e vamos aguardar 2026 e recuperar as estradas esburacadas de MG primeiro”, disse, complementando que o Estado que governa, antes da primeira gestão do Novo, havia “se transformado em um cemitério de obras inacabadas”.

Zema e Leite participaram juntos de um painel do Fórum da Liberdade, na PUCRS, nesta quinta-feira. Ele ainda visita nesta sexta o Gramado Summit, na Serra Gaúcha, e, no sábado, palestra para empresários em Carlos Barbosa e Caxias do Sul.

Lula “ressentido”

Sobre os primeiros 100 dias do governo Lula (PT), Zema, que garante manter uma relação republicana com o Planalto, analisa como “ressentido”, “lembrando muito do passado” e julgando “estar em 2003”.

“De lá para cá, o Brasil mudou muito e muita legislação foi aperfeiçoada para evitar mandos e desmandos como eles fizeram lá atrás. Então não vão conseguir fazer grandes lambanças, mesmo que queiram”, avaliou.

O governador do MG assegurou ainda estar “torcendo para que o Brasil avance”, mas lamentou o que chama de pensamento “retrógrado”. Zema ressaltou, também, a importância da reforma tributária, em andamento, assim como a administrativa e a política.

Compromisso com o Novo

Cortejado por outros partidos, Romeu Zema esteve acompanhado do deputado federal Marcel Van Hattem, do deputado estadual Felipe Camozzato, do vereador de Porto Alegre Tiago Albrecht e do candidato a governador na eleição passada, Ricardo Jobim, todos do Novo, demonstrando alinhamento com o diretório gaúcho do partido e negando saída da sigla.

“Eu sou Novo desde o início da minha carreira, continuarei no Novo e principalmente acredito na proposta do Novo. O partido teve problemas nos últimos dois anos, muitos tiveram problemas mais graves, mas somos um partido de propostas e não de oportunistas”, afirmou.

O partido passou por mudanças que incluem o uso dos rendimentos do fundo partidário e uma maior flexibilização para coligações. “Na política você precisa ter aliados, caminhar com outras pessoas para ter um grupo que leve adiante suas propostas”, analisou Zema.

Na última campanha, nove partidos apoiaram a reeleição do governador de Minas, fazendo com que, diferente da primeira gestão, agora ele tenha ampla maioria na Assembleia.

Quanto ao uso dos rendimentos do fundo partidário, que desde a criação do Novo, chega a um montante próximo de R$ 100 milhões, o mineiro vê o partido agindo “dentro da legalidade”.

“Nossa posição continua a mesma. Achamos totalmente errado um país como o Brasil, carente de recursos, gastar grandes volumes em campanha eleitoral financiada pelo setor público. Vamos continuar combatendo isso, mas não vamos cair na ilusão que por condenarmos isso não façamos uso. Do contrário, nunca conseguiremos ir adiante com nossa proposta”, disse.