Aos 100 dias de gestão, Lula confirma “novo PAC” e volta a criticar taxa Selic

Presidente enumerou seis áreas prioritárias e disse que obras servirão para acelerar a economia e a geração de empregos no país

Foto: Marcelo Camargo/ABr

Em balanço de 100 dias de gestão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta segunda-feira, que o governo vai anunciar até o início de maio um pacote de obras para acelerar o crescimento econômico e a geração de empregos no país e voltou a criticar a taxa de juros, atualmente em 13,75% ao ano.

Segundo Lula, o governo vai investir em seis temas prioritários: “transporte, infraestrutura social, inclusão digital e conectividade, infraestrutura urbana, água para todos e transição energética,” enumerou o petista.

“Meu otimismo não é exagerado. Eu se não acredito em uma coisa, não faço. Eu digo sempre que a gente tem que levantar todo santo dia, mesmo quando a gente estiver mal-humorado, e eu acordo muitas vezes mal-humorado. Nós precisamos ter consciência de que quando assumimos a responsabilidade de governar, a gente não pode acordar pessimista nunca”, afirmou Lula.

De acordo com o presidente, o governo retomou a capacidade de planejamento de longo prazo, “traduzido como um grande programa que traz de volta o papel do setor público como indutor dos investimentos estratégicos em infraestrutura”.

Lula prometeu uma lista de empreendimentos até o próximo mês. “Até o início de maio anunciaremos a lista definitiva de empreendimentos e investimentos e os mecanismos de financiamento (que vão fazer) com que eles saiam rapidamente do papel e gerem os milhões de empregos que todos nós sonhamos que vai acontecer nesse país”, garantiu.

Taxa Selic
Na fala durante cerimônia realizada no Palácio do Planalto, Lula voltou a criticar a taxa de juros, sem citar o nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e defendeu a proposta de novas regras fiscais propostas para substituir o teto de gastos, elogiando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a equipe econômica.

“Eu tenho certeza de que vai ser um sucesso, tenho certeza de que vai ser aprovado e tenho certeza de que a gente vai colher os frutos que forma plantados na nossa proposta”, disse. “Tenho certeza, embora eu continue achando que 13,75% é muito alta a taxa de juros, continuo achando que estão brincando com o nosso país, brincando com o povo pobre e sobretudo com os empresários que querem investir. Só não vê quem não quer”, completou.

Ainda no evento, Lula criticou as previsões pessimistas sobre o crescimento da economia. “Ninguém acredita num governo que levanta todo dia com ‘o PIB não vai crescer’, ‘que a economia não está muito boa’, ‘que o FMI disse tal coisa’, ‘que o Banco Mundial disse tal coisa’, ‘que o mercado financeiro disse tal coisa’. Se a gente for governar pensando nisso é melhor desistir. É importante que essa gente fale para a gente fazer diferente do que eles querem que a gente faça”.

O presidente da República ainda defendeu a reforma tributária. “Tem pessoas que não precisam tanto do governo. É só a gente fazer a reforma tributária, justa para a classe média, porque eles precisam pouco da gente. Os mais ricos não precisam. Os muito ricos às vezes precisam porque sonegam ou às vezes não pagam o imposto necessário ou às vezes querem muito dinheiro emprestado”.

Programas sociais e embates com o Banco Central
Em pouco mais de três meses de governo, Lula repetiu políticas que marcaram as primeiras passagens dele pelo Palácio do Planalto, como o fortalecimento de programas sociais para a população mais desassistida, e travou embates com o Banco Central em busca de um cenário favorável para o crescimento dos gasto público.

Nos dois primeiros meses do ano, o índice de desocupação aumentou, e hoje o país soma ao menos 9,2 milhões de desempregados. Além disso, em fevereiro, o país gerou 241.785 empregos com carteira assinada, o mais baixo número para o mês desde 2020.

A preocupação do governo é com o crescimento do PIB neste ano. No momento, a previsão é de alta de 1,61%, número inferior ao resultado da economia em 2022, quando o PIB avançou 2,9%. Segundo a gestão de Lula, o atual patamar de 13,75% da Selic, a taxa básica de juros da economia, impossibilita um crescimento maior. O Executivo pressiona o Banco Central a reduzir o índice, mas a entidade espera um cenário fiscal mais seguro para promover cortes.