Após anúncio de aposentadoria, candidatos aceleram corrida à vaga de Lewandowski no STF

Advogados Cristiano Zanin e Manoel Carlos de Almeida Neto estão no páreo como preferidos, segundo interlocutores ouvidos pelo R7

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A antecipação da aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciada nesta semana, acelera a corrida dos candidatos a uma vaga na mais alta Corte do país. O magistrado deixa a Corte em 11 de abril, um mês antes de fazer 75 anos.

Correndo contra o relógio, cada um dos pretendentes a vestir a toga preta tem pouco tempo para convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a ser o escolhido. A intenção de Lula é indicar um nome com trajetória longeva na Suprema Corte, já que a aposentadoria compulsória ocorre aos 75 anos.

Segundo interlocutores ouvidos pelo R7, os advogados Cristiano Zanin e Manoel Carlos de Almeida Neto estão no páreo como preferidos.

Zanin tem 47 anos e foi advogado de Lula nos processos emblemáticos da Lava Jato. Na transição do governo, fez parte do grupo como responsável pela relatoria sobre Cooperação Judiciária Internacional e Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro.

Manoel Carlos de Almeida Neto tem 43 anos e foi assessor de gabinete de Lewandowski no STF. Também trabalhou como secretário-geral da presidência na Suprema Corte e no Tribunal Superior Eleitoral. Manoel é bem-visto por colegas e integrantes do STF.

Outros nomes

Ao longo dos meses, vários nomes foram citados como um possível substituto, como o jurista Lenio Streck, advogado, professor de direito constitucional e penal e profundo crítico da Lava Jato, além dos ministros do Superior Tribunal de Justiça Luis Felipe Salomão e Benedito Gonçalves e do presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.

Salomão, como corregedor da Justiça Eleitoral, fez um trabalho contra a propagação das fake news, principalmente com aliados do presidente Jair Bolsonaro. Em 2021, por exemplo, decidiu pela cassação do mandato do deputado estadual do Paraná Fernando Francischini (PSL) por propagação de informações falsas sobre a urna eletrônica e o sistema de votação durante as eleições de 2018. Foi o primeiro caso de cassação por fake news do país.

Também em 2021 pediu que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, se manifestassem sobre suspeita de lavagem de dinheiro em pagamentos feitos a um homem para que promovesse ataques cibernéticos contra grupos do Facebook que teriam beneficiado a campanha presidencial de Bolsonaro em 2018.

Já Benedito Gonçalves, atual corregedor do TSE, é relator de ações que investigam condutas de Bolsonaro na Corte. Uma delas apura se Jair Bolsonaro praticou abuso de poder político em reunião feita com embaixadores estrangeiros, no ano passado. Neste ano, após os atos extremistas que destruíram os prédios da praça dos Três Poderes, o ministro incluiu na ação a minuta de golpe encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres.

Já o presidente do TCU, Bruno Dantas, 45 anos, também viu seu nome como forte para assumir a cadeira, tem a simpatia de vários ministros do STF, inclusive, Gilmar Mendes. Dantas se destacou com seu trabalho à frente da Corte com o detalhamento da auditoria que o TCU fez sobre as urnas eletrônicas e a segurança das eleições.

O ministro atuou no momento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro, defendendo auditoria privada nas urnas eletrônicas com a atuação das Forças Armadas.

Sucessora mulher

Para a segunda vaga no Supremo, que será aberta em outubro, com a aposentadoria da atual presidente do STF, Rosa Weber, a tendência é que seja escolhida uma sucessora mulher.

Durante uma sessão do plenário do Supremo no início de março, o ministro Edson Fachin defendeu a indicação de uma mulher negra para ocupar o cargo de ministra da Corte. Em seus mais de 130 anos de existência do Tribunal, somente três mulheres foram nomeadas ministras: além de Rosa Weber, Cármen Lúcia e Ellen Gracie.