Júri de skinheads: dois réus se dizem inocentes e um não comparece a depor

Réu por ataque contra judeus na Cidade Baixa, em 2005, trio já havia sido denunciado, em 2003, por agressão e vínculo com o neonazismo

Foto: Juliano Verardi/TJRS

Dois dos homens apontados como integrantes do grupo neonazista que espancou e esfaqueou judeus, no bairro Cidade Baixa, negaram, nesta quinta-feira, terem participado do ataque, em 8 de maio de 2005. Valmir Dias da Silva Machado Júnior, de 43 anos, e Israel Andriotti da Silva, de 41, declararam sequer ter presenciado o momento do crime, durante o último dia do júri, no Foro Central I, em Porto Alegre. Um terceiro réu, Leandro Maurício Patino Braun, decidiu não participar do interrogatório, sendo representado pelos advogados de defesa.

Primeiro a depor, Valmir afirmou que trabalhava como segurança de um bar, no Centro, na hora do fato. Mesmo tendo reconhecido que fazia parte do movimento skinhead, que alegou ter abandonado em 2002, o acusado disse acreditar ter sido confundido.

“Sou inocente. Eu estava trabalhando. Esses reconhecimentos de 2005 são todos influenciáveis”, declarou o réu.

Já Israel afirmou que, no dia do ocorrido, comemorava o aniversário da mãe, em Guaíba, na região Metropolitana. Questionado pela promotora de justiça Lúcia Helena Callegari sobre tatuagens, entre elas, a de um skinhead crucificado, ele alegou que o desenho é uma alusão ‘ao sofrimento da classe trabalhadora’.

Acusados já haviam sido denunciados em 2003

Denunciados pelo Ministério Público em 2003, após agredirem um homem, de 24 anos, por ele pertencer a um grupo de punks, os três réus firmaram acordo com a Justiça em que, pelo prazo de dois anos, tiveram que comparecer de três em três meses, em juízo, para informar e justificar as atividades, além de terem doado cestas básicas, no valor de um salário mínimo. Ainda segundo a denúncia, o trio tinha relação com a banda de rock Zurzir, por meio da qual divulgavam mensagens de cunho neonazista.

Nos interrogatórios desta quinta-feira, Israel e Valmir alegaram que o atual julgamento acabou sendo influenciado pela agressão ao jovem punk, dois anos antes. Contudo, de acordo com o segundo, a dupla se conheceu em razão de movimentos nacionalistas e separatistas, no início dos anos 2000.

O julgamento entra no quarto dia, nesta sexta, a partir das 8h30min.