Aras defende que STF não obrigue Senado a criar CPI do 8 de janeiro

PGR argumenta que Pacheco adotou medidas necessárias sobre o tema

Foto: Leonardo Prado / Secom / MPF / Divulgação

O procurador-geral da República Augusto Aras saiu em defesa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e defendeu nesta terça-feira que o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeite o pedido para obrigar o senador a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Em manifestação enviada ao gabinete do ministro Gilmar Mendes, decano do STF e relator do caso, Aras afirmou que não vê omissão do presidente do Senado e que Pacheco “adotou as medidas que entendeu serem necessárias” em relação ao pedido de CPI. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

“O que, todavia, só não deu ensejo à abertura do procedimento investigatório por desistência dos próprios parlamentares que subscreveram o pedido original”, menciona um trecho da manifestação do PGR.

Pacheco vem resistindo em instalar a Comissão. O argumento apresentado ao STF é que o pedido ocorreu em janeiro, mas o regimento interno do Senado proíbe que as investigações parlamentares se estendam por mais de uma legislatura.

A Constituição prevê que as CPIs sejam vistas como um direito de fiscalização das minorias, sem exigirem, por isso, o apoio da maioria absoluta dos parlamentares e nem se sujeitarem ao crivo dos presidentes da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.

Os ministros do STF vêm reafirmando o posicionamento de que, uma vez cumpridos os requisitos constitucionais, como a assinatura de um terço dos parlamentares e a indicação de um fato concreto a ser investigado, não há margem para engavetar os pedidos.

Aras, no entanto, endossou o posicionamento de Pacheco. O procurador-geral sustenta que, embora o presidente do Senado não possa “exercer juízo de valor sobre a conveniência da instauração” da Comissão, há “requisitos formais imprescindíveis” que devem ser observados pelos senadores. “Além dos requisitos constitucionais, os regimentos internos das Casas Legislativas também podem estabelecer outros limites”, defendeu.

O PGR afirmou que o “princípio maior” da unidade de legislatura serve para evitar a criação de comissões parlamentares “a qualquer momento, sem um marco temporal preclusivo”. Ele acrescentou que é “plenamente possível” a apresentação de um novo pedido pelos senadores. “É nesse contexto, e para avaliar as consequências decorrentes da continuidade de produção de efeitos das proposituras apresentadas em legislaturas anteriores, que se confere ao Presidente da Casa a possibilidade de análise acerca da admissão de requerimentos apresentados em legislaturas passadas”, defendeu.

Cabe agora a Gilmar Mendes decidir se determina ou não a instalação da CPI. O parecer da PGR era a última pendência para a decisão. O decano pode decidir monocraticamente ou enviar o caso para análise direto no plenário. A senadora Soraya Thronicke (União-MS) acionou o STF afirmando ter reunido 42 assinaturas, de parlamentares então em exercício, para instalar a CPI.